Por Leticia Navarro, jornalista da G&M News.
Como foi o crescimento progressivo da Betsson no Brasil após a aquisição da Suaposta?
Há alguns anos, a Betsson tomou a decisão de priorizar o desenvolvimento da indústria de jogos na América Latina. Haja visto nossa história no Peru, na Argentina, na Colômbia e agora no Brasil. Esse movimento brasileiro é consistente com a mencionada estratégia. A América Latina está seguindo os passos do continente europeu enquanto à regulamentação e a segurança jurídica. A Betsson tem um histórico de êxito decorrente desse crescimento, inclusive financeiro, com um balanço forte, com capacidade de investir em novos mercados, com um movimento de aquisição do Suaposta, a partir dessas capacidades e diante da iminência de uma regulamentação acontecendo no Brasil. Nós, eu e o Fernando Corrêa, o meu sócio na Suaposta, entendemos que esse casamento faria muito sentido e o que a gente trouxe para essa sociedade foi conhecimento da dinâmica local. A partir de então, conseguimos construir uma relevância institucional das maiores, porque a Betsson no Brasil é um gigante do ponto de vista institucional. Ao princípio, comercialmente não focamos muito no mercado brasileiro pela falta da regulamentação. Agora, a situação é diferente. Fizemos algumas experiências aqui no Brasil que foram absolutamente pertinentes para conhecer melhor a dinâmica do mercado e chegou a hora, no dia 1º de janeiro 2025, começaremos a operar no país.
Em comparação com os mercados regulados nos quais a Betsson já teve experiência, qual é sua análise sobre o processo regulatório brasileiro?
O Brasil foi uma grande e positiva surpresa enquanto ao marco regulatório. O processo era previsto para ser concluído em quatro anos. Demorou cinco anos e alguns meses. Mas a grande verdade é que o marco regulatório que foi apresentado, enquanto a carga tributária, exigências sob lavagem de dinheiro e jogo responsável, marketing, publicidade, processo de autorização, o marco regulatório brasileiro é muito exigente e muito abrangente. Ele foi muito bem recebido pelo mercado, haja visto o número de empresas que aplicaram para o licenciamento. O regulador fez a parte dele. Do ponto de vista regulatório, as condições estão postas, o mercado existe. As operadoras parecem ávidas em fazer investimentos no mercado brasileiro. Tivemos a aprovação dos jogos online e das apostas esportivas, uma carga tributária razoável, todas as portarias sendo publicadas dentro do prazo. Foram abordados os temas que são absolutamente críticos, para que a gente, de fato, consiga ter um mercado regular; que a canalização seja feita de forma eficiente. Eu estou muito otimista com relação ao mercado a partir de janeiro 2025. Vamos ter alguns meses ainda delicados, em consequência de você não ter uma regulamentação, de estar seguro no mercado, mas então confio que tudo dará certo.
Como a empresa atua em termos de políticas de jogo responsável junto aos usuários?
Eu começo pela característica do grupo. A Betsson foi a pioneira da nossa indústria em ter um diretor exclusivo para tratar de jogo responsável dentro da casa. A gente se orgulha muito disso. É um diferencial para o setor. Entendemos que, no caso do mercado novo como o Brasil, essa experiência resulta fundamental. Existe um desconhecimento por parte da demanda, por parte dos jogadores com relação à atividade num ambiente não regulado ou iminentemente regulado, como é o caso brasileiro. Se não se tem isso muito claro, uma empresa pode chegar e não ter uma conduta em políticas muito estabelecidas e amadurecidas com relação ao jogo responsável. Vendemos entretenimento. Quando pensa na nossa marca, o apostador tem que ver jogo como uma alternativa de entretenimento que traz uma memória positiva. Tentamos enfocar para que a gente consiga evoluir de forma sustentável.
Com que filosofia de trabalho a firma decide se conectar com embaixadores, patrocinadores e influencers?
Alinhamento com os nossos valores. Não temos um perfil que se identifica muito com aquele de influencer que fala muito, que faz muita graça. Somos uma empresa de raízes suecas; vamos numa linha de confiança, de sobriedade. Uma diversão com responsabilidade. O nosso embaixador do Brasil, o Zé Roberto, é uma referência enquanto à disciplina, à seriedade com que ele encara sua carreira. Enfim, acho que, de certa forma, ele está muito aderente com o que a gente é.
Quais os planos da operadora para continuar liderando o setor de jogos na América Latina?
Enquanto a compliance, em desenvolvimento de produto para responder as exigências da regulamentação, a montagem de todo o setup, de toda a estrutura brasileira para tocar esse negócio, acho que é fundamental. Estamos falando de entretenimento, troca de experiências. Quanto mais próximo estivermos do nosso cliente, melhor. Eu acho que o desafio é esse, montagem de time, produtos, campanha de lançamento. Só posso antecipar que seremos bem criativos.