Por Anamaria Bacci, jornalista e tradutora da G&M News.
O Game Developers Choice Awards (GDCA) é o principal prêmio de videogame baseado em pares que celebra os melhores jogos e desenvolvedores da indústria. Faz parte do Games Developers Conference, um evento que inclui os projetos mais inovadores e exemplares no desenvolvimento de jogos indie. Recentemente efetivado, o encontro reuniu a comunidade de desenvolvimento de jogos para trocar ideias, resolver problemas e moldar o futuro da indústria em cinco dias de educação, inspiração e networking. Durante o GDC, também foram realizadas cerimônias de premiação que reconheceram a criatividade, talento artístico e gênio técnico dos melhores desenvolvedores de jogos.
Entre os 14 nominados ao prêmio ‘Best in Play’, estava o Seize Studios, que contatamos para a entrevista a seguir.
Qual a importância da participação da sua empresa nos eventos do gaming realizados este ano?
Não participamos muito ativamente de GDC. Contudo, ao longo do ano, temos participado de diversos eventos online, como a IWOCon e o BIG Festival. Para nós, os eventos são uma das melhores formas de contato com o público e com a imprensa. Do ponto de vista estratégico, para um estúdio, são indispensáveis. Contudo, a pandemia afetou de forma severa esse tipo de encontros. O lado bom é que, ao longo do último ano, também vimos os eventos se reinventando de diversas formas, através de plataformas como o Gather ou mesmo eventos digitais que são um aplicativo jogável pela Steam. O impacto disso para o futuro será bastante interessante.
O que achou da decisão do júri de 21ª GDCA?
É uma decisão muito justa, eu diria. A Supergiant é um estúdio com uma grande história e conseguiu entregar algo incrível com seu jogo Hades. Nos mesmos chegamos a jogá-lo em algumas de nossas lives e o jogo é realmente incrível. Eles foram muito inteligentes em conseguir explorar um gênero em alta, ao mesmo tempo em que elevaram o nível do que se entende por um Roguelike.
Que possibilidades vocês veem de colocar seus produtos no exterior?
A internacionalização é o caminho almejado para qualquer estúdio que deseje se manter saudável. Apesar de o público brasileiro ser imenso e muito engajado, alguns dos principais mercados ainda se encontram no exterior, principalmente em língua inglesa. Todo nosso trabalho é desenvolvido de forma bilíngue (inglês e português). Então nosso interesse é total.
Como veem o mercado brasileiro de videogames e que potencial existe?
A importância do mercado brasileiro na indústria de videogames é indiscutível. Há alguns anos, debatia-se bastante sobre a qualidade das produções nacionais. Contudo, hoje, após tantos jogos incríveis, o mercado indie nacional já conseguiu se provar. Infelizmente, a falta de investimento governamental na área torna a situação do desenvolvedor nacional um pouco mais difícil, mas todos tem buscado alternativas.
Quais são os jogos de maior ressonância agora, em termos de gêneros e características?
Atualmente, o mercado é tão grande e variado que existem diversos tipos de jogos nessa situação, cada qual no seu nicho. No segmento indie no qual nos encontramos, dois tipos de jogos que tem ressonado bastante com o público são ‘Roguelikes’ (os videogames de masmorras são um subgênero de videogames RPG caracterizados por uma aventura por meio de masmorras) e ‘Metroidvanias’ (é um subgênero de videogames de ação e aventura baseado em um conceito de plataforma não linear). De uma forma geral, jogos com caráter social também estão ganhando bastante espaço no mercado indie, como pudemos ver ano passado com Among Us e Fall Guys. Ao mesmo tempo, há uma leva muito boa de jogos de aventura e ação 3D assim como o nosso What the Duck.
Fale um pouco do seu jogo What the Duck, que estava entre os 14 finalistas de GDC.
O What the Duck é um RPG de ação e aventura que se passa num mundo onde cada pessoa possui um animal espiritual único. Algumas dessas pessoas são capazes de invocar esses seres. Quando finalmente chega a hora de Illy Bavent invocar sua criatura, ele está muito confiante que será algo incrível, como um Tigre ou um Dragão, mas vem um Pato! O jogo é cheio de humor e estamos tentando ao máximo proporcionar uma experiência divertida, leve, mas com uma mensagem poderosa. No fundo, trata-se de uma jornada de autoaceitação do protagonista, de ele entender quem é e que não há nada de errado nisso.
Quais são os planos futuros da sua empresa?
No momento, estamos completamente focados em finalizar o jogo para que ele tenha o máximo de qualidade que pudermos entregar. Nosso principal objetivo é conseguir manter um estúdio saudável e fazer jogos cada vez melhores.