O estudo Mapeamento dos contratos entre entidades esportivas e empresas cripto no Brasil, desenvolvido pela empresa de negócios da área de esporte e entretenimento Win The Game e o escritório Marcello Macêdo Advogados revelou dados exclusivos das entidades esportivas que entraram no mercado da tokenização. Cerca de 14 dos 20 clubes que disputam a Série A do Campeonato Brasileiro já possuem contratos ligados a NFTs, fan tokens ou fantasy games. Na Série B, 5 dos 20 clubes aderiram à tendência. Recentemente instituições consolidadas do esporte nacional como a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o Maracanã e o Novo Basquete Brasil (NBB) também investiram no mercado de NFTs. O analise mostra ainda que a capitalização de mercado atual dos fan tokens, de clubes como Flamengo, Corinthians, São Paulo, Vasco, Atlético Mineiro e Internacional, já soma R$ 2,2 bilhões (US$ 414 milhões). É claro que esse fenômeno também está ligado às apostas esportivas, com 19 dos 20 clubes da Série A com patrocínios de casas de apostas.
Mesmo com a popularização do mercado, ainda não há uma regulação dos criptoativos no Brasil, mas existe uma possibilidade de regulamentação do mercado de negociação dos ativos. O PL 4.401/21, que atualmente está em trâmite no Congresso Nacional, disciplina o funcionamento do mercado e o das exchanges, que são as corretoras dos criptoativos. Para o advogado Guilherme Macêdo, esse mercado é muito promissor entre os brasileiros e tende a crescer para outros esportes, como vôlei, basquete e Fórmula-1. Ele alerta que é fundamental a transparência para garantir a segurança tanto dos clubes quanto dos torcedores.
A regulamentação seguirá padrões já reconhecidos pela lei, tendo em mente os proeminentes valores transacionados e a grande quantidade de tokens que circulam neste ecossistema. “Apesar de o Direito não conseguir acompanhar as inovações e os avanços da sociedade na mesma velocidade, é imperioso o amadurecimento desse mercado, que vem sendo autorregulamentado voluntariamente pelos seus players enquanto não advém a necessária regulamentação”, Macêdo indicou.
PARA QUE SERVEM OS FAN TOKENS
Um token, na indústria cripo, é um ativo digital que roda em uma blockchain. O veículo escolhido para essas operações é o dos fan tokens, ativos digitais que normalmente são ligados a grupos esportivos e cuja característica principal é a ausência de promessa de valorização monetária. Na prática, funcionam como programas de sócio-torcedor, mas com algumas diferenças: os ativos ficam armazenados na estrutura de blockchains e não é preciso pagar mensalidades.
Os clubes lucram porque, quando emitem um fan token e fazem a venda inicial para o mercado, uma parte desse valor fica com o próprio time. Esses tokens são focados em gerar engajamento, e não são investimento.
Uma das firmas mais conhecidas neste segmento é a Socios.com. Em junho passado, a empresa fechou parceria com o Fluminense. No Brasil, times como Vasco, Internacional, Palmeiras, São Paulo, Atlético-MG, Corinthians, Bahia e Flamengo também tem convénio na companhia. A Socios.com destacou que o Brasil foi um dos mercados o que mais cresceu dentro da plataforma, com 3.900% de aumento em 2021.