
Em cerimónia realizada na Galeria de Arte do Casino Estoril, foi divulgada a nova obra do conceituado especialista em jogos de azar José Eduardo Pereira de Deus. Editado pela Lisbon Press, A Pandemia e o Jogo é um texto fundamental para compreender os dilemas da indústria no presente e antecipar as oportunidades de progresso no futuro.
A obra foi dissecada pelo autor e por um distinto painel de oradores, compuesto por António Vieira Coelho (Administrador Executivo da Estoril Sol); Carlos Costa (Administrador da NAU Hotels & Resort e antigo Diretor-geral de Operações do Casino Lisboa); Jorge Godinho (Professor Associado do ISMAT, Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes), e António Nunes (Presidente do OSCOT, Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo).
Sobre seu livro, Pereira de Deus referiu: “Valeu a pena o empenho e o tempo que dediquei ao trabalho que fiz sobre o enquadramento histórico em Portugal, refletindo sobre os efeitos da pandemia e os eventuais modelos que podemos equacionar para o futuro do sector. Beneficiei durante todos estes anos ter convivido e trabalhado, diariamente, com os protagonistas das diversas áreas do jogo, desde os administradores, diretores, chefias, porteiros ou contínuos. Na realidade, é área na qual ainda irei trabalhar por mais alguns anos e com muito gosto”.
Em tanto que Vieira Coelho expressou: “O jogo tem sido maltratado desde sempre. Só se fala nos seus vícios e sempre se olhou para o sector de uma forma penalizadora. Na realidade, o jogo tem sido encarado pelos sucessivos Governos com alguma hipocrisia. Considera-se que se esta atividade gerar mais receitas, paga mais impostos, e assim é vista de uma forma menos censurável”.
Por sua vez, Costa sublinhou: “A indústria do jogo em casinos territoriais foi dos mais afetadas pela pandemia, seja por efeito da obrigatoriedade do encerramento dos estabelecimentos durante vários meses; seja por força das restrições implementadas, sobretudo, pelo horário de funcionamento ou distanciamento social”.
No uso da palavra, Godinho fez algumas considerações sobre o livro. “É muito raro o lançamento deste tipo de obras relacionadas com o jogo em sentido amplo (de base territorial ou de jogo online). É um testemunho, um contributo importante para o estudo desta indústria e para os debates destas questões, é escrito num estilo objetivo e direto”. Também, ele acrescentou: “O livro resulta de um esforço individual sem quaisquer apoios ou enquadramento institucional, o que aumenta o mérito da obra e do autor. Mas não serve para esconder as fragilidades em que o sector do jogo se encontra. Faltam projectos estruturados e de continuidade para colocar de pé uma agenda de investigação e de produção científica que contribua reforçar e aprofundar os grandes problemas deste sector”.
Já Nunes realçou: “A Pandemia e o Jogo constitui uma oportunidade para se falar e refletir sobre o modelo de jogo, as circunstâncias em que Portugal e o mundo encaram o sector. É uma reflexão de leitura obrigatória para todos os atores do jogo, sejam jogadores, funcionários dos casinos, e para os que gostam de ter uma cultura geral do que passou no país nos últimos 100 anos”. Da mesma forma, disse: “O Estado deve concessionar, regular e fiscalizar esta indústria concessionando a entidades privadas designadamente aos casinos, que já deram provas de maturidade de poderem ter equilíbrios fundamentais na sociedade para desenvolverem esta atividade em que vai gerar uma receita. Deve haver uma entidade reguladora de jogos com amplas autonomias que, por sua vez, distribuiria parte substantivas daquilo que são as receitas dos jogos, sejam eles os chamados jogos sociais, seja os outros jogos, por fins culturais, fins de animação turística, sociais, causas sociais e de gestão”.
No encerramento da cerimónia, Vieira Coelho enfatizou: “É fundamental que o jogo seja desmistificado”. Assim, lançou um desafio a todos os envolvidos para que, regularmente, sejam realizadas sessões abertas à sociedade sobre o tema.