Por Leticia Navarro, jornalista da G&M News.
Poderia nos contar um pouco sobre a Jericho Eventos, uma empresa jovem e dinâmica, e como surgiu o Brazilian iGaming Summit (BiS)?
Estávamos ainda enfrentando a pandemia quando eu e Carlos Cardama conversávamos a respeito da necessidade de haver um evento do setor, pois com a retomada da economia e a debandada da Clarion Brasil do país, tínhamos que fazer algo a respeito. Foi entre cafezinhos e boas conversas que definimos os primeiros passos, daí com a ajuda do Yudi Osugui, começamos a desenhar o negócio e o André Ruiz entrou para dar corpo digital ao que até então era só planos escritos em guardanapo de papel. Dizem que estes são os melhores, então pode ter algum sentido. Depois de estruturarmos uma estratégia mais ou menos compatível com a realidade, consultamos também o pessoal da Clarion Brasil e, como não tiveram interesse, decidimos seguir com o plano. Foi então que entraram as “meninas” da Zest, Vivian Lima, Jucielly Chasseraux, Daniella Falchero e Elisa Gomes. Elas tinham muito conhecimento e experiência. Faltava um sócio capitalista, assim chamamos na época o Leonardo Baptista e o Flávio Figueiredo entrou no projeto também. Assim, em três meses, montamos a primeira edição do Brazilian iGaming Summit, um evento feito por brasileiros e para brasileiros.
Com apenas dois anos de existência, este evento chamou a atenção da indústria por reunir todos os profissionais do setor no Brasil. Como foi o acordo com a SiGMA, quais os benefícios e como estão coordenando a tarefa conjunta para oferecer o melhor evento esta semana?
Tivemos alguns pontos que nos diferenciaram desde o início, e acredito que pudemos atrair a atenção de muita gente, mas a oferta que o SiGMA Group nos fez foi irrecusável. Eles nos deram liberdade, apoio total e irrestrito, acesso ao portfólio de clientes deles e, o mais importante, nos trataram com respeito desde as primeiras conversas. Para nós, negociar com alguém como o Eman Pulis é uma grande honra e uma oportunidade maravilhosa de poder estar ao lado de quem criou um projeto fantástico com a SiGMA e seus eventos ao redor do mundo. Com esta colaboração, conseguimos aumentar nossa capacidade de atingir um público interessado em investir no Brasil, mas que ainda estava sem nossa conexão. Agora, estamos prontos para seguirmos com este evento em conjunto. Esperamos que seja um sucesso.
A feira foi transferida para o Transamerica Expo Center, em São Paulo, onde se espera receber mais de 5.000 visitantes no que será o evento mais concorrido do ano na América Latina. Também foi anunciado que o evento contará com um showcase de produtos no Brazilian iGaming Summit, um encontro de afiliados no Afiliados LatAm, a BetExpo voltada para influenciadores, apostadores e operadoras esportivas, e uma série de mais de 100 conferências envolventes sobre as últimas novidades da indústria. Como essas atividades serão organizadas para que o público possa participar de cada uma delas?
Acreditamos muito no conteúdo digital. Particularmente, se eu fosse ao evento como um visitante, pouco tempo passaria dentro das salas de conferência. Aproveitaria o tempo para estar com colegas da indústria e conhecer gente nova. A não ser que existe um conteúdo específico que desperte muito meu interesse e que eu tenha dúvidas para tirar com especialistas lá presentes. Daí sim, faria questão de assistir. Minha dica para todos é que aguarde o lançamento dos vídeos online. Estarão todos disponibilizados em breve em uma plataforma para os visitantes assistirem as palestras e painéis. Atualmente, já se somam mais de 190 palestrantes, vindos do mundo todo, mas especialmente brasileiros e latino-americanos. Grandes nomes da política nacional, esportes e profissionais do ramo estarão lá para compartilhar conhecimento e apresentar as novidades do mercado. Teremos conteúdo gravado em alta resolução, que será, logo após o evento, disponibilizado para nossos visitantes, que poderão ingressar na plataforma e assistir todo o conteúdo de forma digital.
Não há dúvidas sobre o enorme entusiasmo no mercado brasileiro de jogos. Qual é a sua opinião sobre esta situação e como pensa que os protagonistas (Governo, Parlamentares, empresas) podem chegar a um acordo para acelerar as ações a favor de toda a indústria?
Eles não só podem, como devem. Trabalham para nós, são os nossos mais importantes funcionários dentro de uma cadeia imensa de gente escolhida para nos representar, e devem resolver a situação tão logo que possível. A matéria que não me agrada é a regulamentação exclusivamente das apostas esportivas de quota fixa, e que deixa de lado diversas verticais de uma operação, fazendo com que as atuais operadoras se perguntem o tempo todo a respeito do que deverão fazer com seus jogos de cassino, por exemplo. Mas há esperanças de que os outros projetos, um deles já em mãos dos Senadores da República, possam ser votados. Há muito mais interesse numa lei que abranja o setor todo, do que uma lei que permite apenas uma parte do site operar e leva as outras para a obscuridade.
A este respeito, o que o Brasil pode aprender com a experiência de outros mercados, como Portugal e Espanha na Europa, e a Colômbia na América Latina?
Outros países certamente podem servir como referência, mas não há uma fórmula perfeita. O que mais me agrada, por exemplo, é o modelo britânico, liberal e responsável. Lá, até mesmo os afiliados, aqueles que promovem operadoras em troca de comissão sobre a receita líquida do jogo, são regulamentados. Mas há sem dúvidas pontos importantes em outros territórios que podem ser de certa forma importados e incorporados ao nosso modelo de regulamentação. Há que se atingir um modelo que seja tropicalizado, que respeite os nossos interesses culturais e nossas diferenças precisam ser levadas em consideração. Além da legislação vigente, que por exemplo rege o direito do consumidor, que deverá também ser revisado em algum momento.
Acha que, uma vez regulamentadas as apostas esportivas, outras verticais, como o iGaming, Fantasy Sports, Esports e até mesmo os cassinos físicos no Brasil, podem ser impulsionadas?
Eu acho que deveria sair tudo de uma só vez, para que não tenhamos problemas com operadoras clandestinas. Hoje são todos legais aos olhos da lei por estarem em território off-shore, mas uma vez que tivermos licenças, acredito que os que não estiverem de acordo com as regras e não obtiverem suas licenças, serão enquadrados numa categoria de fora da lei. Para evitar este tipo de situação, há de ser regulamentado todo o tipo de jogo que é praticado no país com tanta popularidade. Os jogos de crash, dice, roleta e tantos outros, precisam estar dentro deste pacote.
Olhando para o futuro, como imagina que será o seu sentimento no dia 19 de junho, uma vez terminado o evento?
O dia após o evento talvez não seja tão calmo como muitos imaginam. Começa então a parte burocrática e financeira que deverá levar mais alguns dias para se resolver. Além disso, teremos a visita de alguns clientes ao escritório, pois entre as empresas do grupo estão algumas que não poderei dar tanta atenção durante o evento, e que logo após atenderei em nossa sede. De toda forma, a euforia e ansiedade devem ter passado. Daí teremos um pouco mais de tempo para a família e os prazeres da vida.