Por Leticia Navarro, jornalista da G&M News.
Qual é sua trajetória profissional e como chegou ao setor iGaming?
Meu primeiro contato com o jogo foi na licitação da Lotex (Loteria Instantânea) de 2018, mesmo ano que aprovaram a Lei 13.756 que internalizou as apostas esportivas como modalidade lotérica de apostas de quota fixa (AQF). Em 2020, alguns investidores do projeto da Lotex se associaram com a Playtech na JV Ocean 88 Holdings Ltd e me convidaram para acompanhar o processo de discussão regulatórias do decreto regulamentador da AQF que havia sido colocado em consulta pública, bem como para representá-los na associação setorial à qual se filiaram. Desde então, tive a oportunidade de apoiar a indústria na construção da regulamentação da AQF no Brasil. Como Consultora da Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), fomos responsáveis por grande parte das emendas incorporadas na Lei 14.790/2023, em especial a construção que incluiu o jogo online no conceito de AQF.
A regulamentação e as licenças para os jogos online no Brasil estão em vias de ser implantadas. O que isso trará ao setor e quais aspectos legais devem ser considerados?
A regulamentação e as licenças vão trazer mais segurança e transparência para o setor, tanto para as operadoras quanto para os jogadores. Do ponto de vista jurídico, isso significa que as empresas terão regras claras a seguir, evitando problemas legais e afiançando um ambiente mais seguro para todos. Entre os aspectos legais fundamentais, podemos destacar a necessidade de proteger os consumidores e aplicar medidas de jogo responsável para cuidar os mais vulneráveis. Além disso, é importante garantir que as empresas sigam normas rígidas contra a lavagem de dinheiro e fraudes, e que paguem os impostos e as destinações sociais corretamente, contribuindo para a economia e desenvolvimento do país. Essa regulamentação também cria uma base sólida para atrair investimentos, gerando novos empregos e oportunidades no Brasil.
Qual sua análise sobre a transformação digital no compliance na gestão de riscos e fraudes na indústria? Como esta transformação pode ajudar a identificar as ilegalidades e otimizar as políticas de jogo responsável?
A transformação digital no compliance tem sido uma grande aliada na gestão de riscos e fraudes no setor de iGaming. Com o uso de novas tecnologias, como Inteligência Artificial e Big Data, conseguimos monitorar de forma mais eficaz as atividades dos jogadores, identificar padrões de comportamento suspeitos e agir rapidamente para evitar fraudes e práticas ilegais. Essa digitalização permite não só uma resposta mais ágil às irregularidades, mas também a implementação de políticas mais robustas de jogo responsável. Por exemplo, ao acompanhar o comportamento dos jogadores em tempo real, é possível observar sinais de jogo problemático e intervir de forma preventiva, protegendo os consumidores de riscos maiores. Além disso, as ferramentas digitais facilitam a integração dos procedimentos de KYC (Conheça Seu Cliente), garantindo que as plataformas estejam em conformidade com as exigências legais e que somente jogadores devidamente verificados possam participar. No geral, a transformação digital otimiza o processo de compliance, tornando-o mais eficiente e eficaz, além de garantir um ambiente mais seguro e regulamentado para todos os envolvidos.
Você é uma das importantes fundadoras da AMIG. Como nasceu essa ideia e qual o seu rol na AMIG atualmente?
A ideia de criar a AMIG surgiu da vontade de seis mulheres que estavam dispostas a mudar o cenário do gaming, trazendo mais equidade para o setor. Nós percebemos que, apesar dos desafios de gênero, havia uma enorme oportunidade de destacar e apoiar o talento feminino. Queríamos criar um espaço onde essas mulheres pudessem brilhar e se fortalecer, e assim nasceu a AMIG, em março de 2024. Hoje, já somos 425 associadas, e é muito gratificante ver o impacto positivo que estamos conseguindo. Meu papel na AMIG atualmente é continuar essa missão, trabalhando junto com todas as associadas para promover a visibilidade das mulheres no setor, criando oportunidades de crescimento e colaboração.
Poderia revelar como está sendo a expansão da AMIG no exterior e quais os eventos que está organizando, além dos projetos da Associação para fechar 2024?
Estamos muito felizes com a aceitação da AMIG no mundo. A expansão tem sido fantástica, e temos recebido um apoio incrível, tanto no Brasil quanto no exterior. O nosso próximo evento será no SBC Lisboa, no dia 26 de setembro, às 14h (hora de Portugal), onde vamos promover uma happy hour especial para as nossas associadas e convidados. Além disso, também estaremos presentes no SBC Latam Miami, fortalecendo ainda mais nossa presença internacional e criando conexões valiosas para as mulheres da indústria de gaming. Quanto aos projetos da AMIG para fechar 2024, estamos a preparar mais eventos e iniciativas que vão continuar a promover a visibilidade e a equidade no setor. Para quem quiser associar-se à AMIG e ficar por dentro de todas as nossas atividades e eventos, é só seguir as nossas redes sociais ou visitar o nosso site, onde publicamos as novidades.