O fim da administração muito deficiente de Alberto Fernández deixou uma situação econômica extremamente complexa para a República Argentina, que o novo Governo de Javier Milei procura começar a resolver desde que assumiu o cargo em 10 de dezembro de 2023. Uma das primeiras decisões do novo Ministro da Economia, Luis Caputo, foi implementar uma desvalorização do dólar oficial, que passou de 366 para 800 pesos. O salto de 118% gerou um aumento no dólar blue (paralelo), que ultrapassou US$ 1000, embora dias depois, tenha caído para US$ 990. Assim, a diferença da taxa de câmbio entre o dólar oficial e o dólar paralelo, um dos muitos problemas ecoômicos locais, atingiu seus níveis mais baixos em quase quatro anos.
Longe, até o momento, da dolarização total proposta durante sua campanha por Milei, líder do La Libertad Avanza (LLA), o programa visa gerar um choque fiscal para reduzir um déficit de 5,2%. A implementação desta medida será feita com o corte dos gastos públicos em 3 pontos percentuais do PIB por meio da remoção de subsídios nas tarifas de serviços e transporte, entre outros itens. Ao mesmo tempo, será buscada uma melhoria de 2,2 pontos percentuais na receita por meio de um aumento no imposto PAÍS, um branqueamento e uma moratória, juntamente com uma ampliação generalizada nas retenções para 15%, exceto para a soja. Nesse contexto, depois de mais de 150% de inflação anual para 2023, deixada pelo Governo de Fernández e por seu ministro da Economia, Sergio Massa (curiosamente, candidato presidencial do partido peronista Unión por la Patria, que perdeu para Milei), o Governo recém-assumido agora estima uma inflação entre 20 e 40% ao mês de dezembro de 2023 a fevereiro de 2024, que, acreditam eles, começará a se moderar.
Com o endosso do Fundo Monetário Internacional, um dos principais objetivos é eliminar as incertezas para apostar nos investidores locais e internacionais. Por esse motivo, o enorme número de taxas paralelas de dólar que coexistiam no mercado de câmbio durante o Governo anterior (cerca de 17) já foi reduzido.
Hoje, na Argentina, há pelo menos seis taxas de câmbio diferentes para a moeda americana, algumas mais usadas do que outras. Podemos detalhá-las aqui.
TAXAS DE CÂMBIO EM DÓLARES VIGENTES NA ARGENTINA
1) Dólar poupança/cartão ou dólar turismo/solidário: tem a sobretaxa de 30% estabelecida pelo Governo nas compras feitas com cartões em moeda estrangeira e na aquisição de moeda estrangeira para entesouramento dentro do circuito oficial.
2) Dólar blue: é a cédula que se compra/vende através do mercado informal. A cotação do dólar blue, de acordo com o último dia de sexta-feira, 15 de dezembro, era de US$ 960 para compra e US$ 990 para venda.
3) Dólar oficial: é o fixado pelo Governo. Tem uma cotação de US$ 780,62 para compra e US$ 820,62 para venda, de acordo com o Banco Nación. Esses são os preços que as pessoas podem acessar ao receber ou comprar dólares. No último caso, refere-se ao limite de apenas US$ 200 por mês estabelecido pelo cepo determinado pelo Governo anterior.
4) Contado com Liqui: é uma operação legal para obter dólares no exterior, por meio da compra de títulos ou ações argentinas em pesos, que depois são vendidos no exterior em dólares. Fechou na última sexta-feira em US$ 1011,40 para compra e US$ 1014,70 para venda.
5) Dólar de atacado: é usado para comércio exterior, pagamento de dívidas em dólar e dividendos. Incide na fixação dos preços dos produtos importados. Fechou em US$ 960 para compra e US$ 990 para venda.
6) Dólar para indústria e serviços: devido ao efeito dos impostos retidos na fonte, os exportadores de bens manufaturados e serviços recebem um dólar com valor inferior ao oficial, e muito inferior ao blue. Dentro dessa categoria, há valores diferentes para quem exporta carne e laticínios, para trigo, milho e girassol e para soja. Seu último fechamento foi de US$ 801,35 para compra e US$ 801,40 para venda.