Por Leticia Navarro, jornalista da G&M News.
Como profissional da área publicitária, que mudanças você prevê para apostadores e empresas com as novas regras estabelecidas na publicidade diante do marco regulatório brasileiro, publicado recentemente?
Acredito que será fundamental o trabalho que o Conselho Nacional de Autorregula-mentação Publicitária (CONAR) está começando a realizar, estruturando um grupo de trabalho que irá definir as regras de publicidade para o setor, com base na regulamentação publicada pelo Governo. Entendo que a tendência é de haver algum grau de limitação, assim como já acontece, por exemplo, para o mercado de bebidas alcoólicas. Dessa forma, penso que devemos ver um incremento nos valores de cota de transmissão por parte dos veículos, atrelado também a uma redução do número de marcas anunciantes, ao menos, em um primeiro momento.
Qual seria sua análise, diante de uma das premissas do marco regulatório de jogos referente à publicidade, tendo como objetivo garantir que as ações de marketing sejam responsáveis e éticas?
Estamos falando de um setor de alto impacto para a sociedade, seja econômico, cultural e social, o que gera uma série de restrições e tabus a serem vencidos. Com a maturação dessa indústria no país, considero que seja muito importante que a regulamentação externa e interna do setor ande de mãos dadas, entendendo a necessidade de valorizar e promover uma atuação séria e responsável de todas as operadoras autorizadas.
Que conselhos você daria às casas de apostas online que desejam utilizar uma publicidade estratégica na divulgação de seus serviços, pautando-se na promoção da conscientização do jogo responsável?
Não ignorar o impacto social que esse mercado tem, buscando promover a conscientização de apostadores para que, de fato, encarem a participação como lazer, e nunca como possível fonte de renda. Transparência, leveza, bom humor e estar junto dos parceiros certos na hora de anunciar e/ou patrocinar são ações cruciais para que a marca possa crescer de maneira sustentável. E isso vale para veículos de mídia, influenciadores, atletas e entidades esportivas.
Você citaria algum país, ou países, que seriam exemplos de publicidade no segmento iGaming?
Apesar da abertura de vários mercados regionais para a atuação de empresas de apostas, os EUA continuam sendo um país extremamente restritivo em relação à publicidade para o setor, quanto a Inglaterra vem aos poucos aumentando as medidas de controle, inclusive através da limitação de oportunidades de patrocínio esportivo. É difícil apontar um mercado onde esse equilíbrio se dá de maneira perfeita, mas acredito que o trabalho do CONAR deve contribuir para uma auto-regulamentação sólida para publicidade do segmento no Brasil.
Há alguma tendência que você tenha identificada que aponte novos formatos publicitários para a indústria?
Cada vez mais, desde a SportBiz Consulting, vemos a expansão da atuação das marcas do setor indo muito além do esporte e, pouco a pouco, chegando setores menos explorados, como de música e entretenimento. Confio que essa tendência deve se consolidar nos próximos meses, especialmente com a saturação das propriedades esportivas disponíveis no mercado, seja em patrocínio ou mídia.