Como surgiu o Infinity Esports?
É um grupo que foi fundado em 2009 como uma equipe puramente de shooters. Em 2014, entramos na League of Legends (LoL) e, em 2016, entramos no que então era a Liga da América do Norte (LLN). No ano seguinte, tivemos uma participação regular e nos consolidamos no México como mais uma equipe. Um ano depois, ocorreu o ponto de ruptura. Nós nos profissionalizamos quando entramos como grupo investidor e decolamos do ponto de vista esportivo. Na verdade, fomos campeões da LLN e disputamos a final contra o campeão sul, entre outros grandes eventos. Também jogamos na Coréia e estabelecemos um marco no jogo latino-americano. A partir daí, expandimos como multigaming, com participação em diferentes ligas importantes em diferentes países. Hoje, competimos nas principais ligas de destacados países, em títulos como Counter-Strike, DotA 2, Valorant, Free Fire e FIFA. A ideia é medir sempre o cenário do Esports. Enquanto houver novos jogos com um âmbito relevante e muito talento, nós participaremos deles.
Quais são seus pilares?
Somos uma empresa que sustentada em três eixos. O primeiro é o esportivo, onde contamos com dez times e setenta pro-players competindo nas ligas chave da região. O segundo é o de conteúdos. Temos uma produtora que se encarrega de realizar os conteúdos para as empresas que são nossas patrocinadoras e para todos aqueles que desejam entrar no universo dos videogames e Esports. O terceiro eixo é o varejo. Temos um Gaming Center e uma arena esportiva na Costa Rica onde tudo o que é digital está relacionado ao físico. É um lugar onde as pessoas podem ir jogar com a melhor tecnologia, além de participar e conhecer os principais times do país.
No site do Infinity, eles enfatizam que são “o clube que melhor representa os milhões de fãs que amam os Esports com coração amador”. Com a pandemia, os eSports cresceram a uma taxa enorme e muitos se profissionalizaram. Nesse sentido, por que é tão importante manter o coração e o espírito amador? Qual é o seu diferencial?
Queremos manter o espírito amador porque permite que você se divirta, faça algo que goste, que seja relevante e você possa viver disso. Temos setenta representantes e cada um deles gosta muito. Claro que existe uma transição lógica entre amadorismo e profissionalismo, que tem a ver com a disciplina de treinar, fazer parte de um grupo e respeitar as suas regras. Um de nossos pilares estratégicos é o recrutamento e o desenvolvimento de talentos na América Latina. Queremos que nossas equipes expressem paixão pelo jogo e orgulho esportivo.
Qual é o “DNA regional”? Qual é a “identidade latino-americana” para o Infinity Esports?
Tem a ver com a presença que temos, tanto nos principais torneios como nos mercados mais importantes. Temos um DNA regional baseado nas nacionalidades que nos representam e nas equipes que participam. Conseguimos uma identidade regional e queremos que o Infinity seja o guarda-chuva correto para abrigar todas essas diferentes nacionalidades, dentro de um espírito puramente latino-americano.
Como você atrai novas marcas?
Temos uma proposta de introdução e penetração de marcas não endêmicas em todo o cenário de videogames e esportes. Esportes eletrônicos é a perna competitiva dos videogames e a janela de entrada para marcas (que não fazem parte do ecossistema) para uma indústria que é enorme em termos monetários. Muitas marcas ainda não sabem como agir contra os Esports. Oferecemos-lhes conselhos para que tenham a linguagem correta para poder atingir esses públicos e esses consumidores. O sistema claramente funciona porque mais e mais marcas estão se juntando à indústria, o que é maravilhoso porque capacita todo o ecossistema como um todo.
Qual você acha que será a relação entre o Esporte Tradicional e o Eletrônico no curto prazo?
Já está acontecendo em um âmbito geral, como o fato de grandes atletas investirem em Esports. Acho que haverá uma transição muito grande e uma fronteira cujos limites serão confusos entre os jogadores de esportes tradicionais e os de esportes eletrônicos. Carrascal é o primeiro de uma série de acréscimos que estamos pensando em fazer.
O que é o Infinity Gaming Training Center?
É um modelo híbrido de um Centro de Jogo bastante tradicional e uma arena esportiva. Este lugar na Costa Rica permite que você vá brincar com a melhor tecnologia. Tem capacidade para 120 pessoas, uma sala para casters e outra para geração de conteúdo e entrevistas. O espaço é composto por dois andares, uma zona para consolas e outra para PC. Existem também alguns locais para streaming. É um modelo que estamos promovendo via franquias. Queremos levá-lo para a América do Sul e o resto da América Central. É a ponta de lança da marca e também serve como campo de treinamento para as equipes do Infinity.
Que lugar a Costa Rica ocupa no cenário esportivo da América Central?
Ocupa um lugar muito interessante como país pioneiro em esportes na América Central. A única liga profissional de Esports da região (Liga Tica de Leyendas, LTL) está aqui e é uma das mais antigas de toda a América Latina. A Costa Rica é o berço de grandes talentos que passaram pelo Infinity e por diversos outros times da região. Aqui está uma cena altamente desenvolvida de League of Legends (LoL), Free Fire, FIFA e Gran Turismo, entre outros. Nesse sentido, o Gaming Center vem para dar um lugar a todo esse cenário para se desenvolver. Esperamos levar este modelo para o resto da América Central. Com certeza, com a realização das ligas regionais, esse talento vai permear e, em alguns anos, estaremos falando de uma região emergente que é muito grande em termos de crescimento.
A Damwon Gaming foi recentemente coroada Campeã do LoL Worlds 2020 e mais uma vez posicionou o mercado coreano forte. O que falta ao cenário latino-americano para alcançar esse tipo de renome e posição?
Há uma grande diferença em termos de investimento, como acontece entre o futebol europeu e o latino-americano. Como há talento, em breve veremos mais jogadores latino-americanos indo para outros países. Na verdade, muitos deles vão disputar o LLA no Brasil, que é um mercado mais rico quanto a folha de pagamento e salários. O que falta na América Latina é disciplina esportiva, que tem a ver com ser profissional e treinar com frequência. Além disso, na medida em que conseguirmos trazer técnicos de outras regiões, vamos crescer. Por tudo isso, temos o desafio de colocar a equipe Infinity na fase de grupos dentro do próximo Mundial 2021 de LoL.
Quais projetos a Infinity Esports tem?
Em princípio, desenvolver o Gaming Center. No ano que vem vamos investir muito em equipamentos para voltar a pisar no cenário internacional. A ideia é dar projeção às nossas equipes de LoL, Valorant, Free Fire, Counter-Strike e DotA, que terão grandes movimentos. Por outro lado, estamos trabalhando muito em toda a parte de geração de conteúdo. Temos uma equipe de streamers e queremos continuar avançando com isso. Estamos pensando em ter streamers no México e na Colômbia, que é um passo essencial para nos vincularmos a marcas não endêmicas. Ao mesmo tempo, vemos o Brasil como um horizonte muito importante. O objetivo é expandir bem e não repetir exemplos de equipes que entraram lá de forma desordenada. O Brasil é um mercado enorme, então você tem que ter respeito por ele.
Qual será o futuro dos Esports na pós-pandemia?
Eles não são mais uma novidade. O que a pandemia fez foi dar oportunidade a marcas que não tinham como se ativar e aderir. Acho que vai ter um movimento muito grande de marketing porque vai ser um produto que vai se somar a todos os portfólios das agências por suas marcas. É muito importante que eles consigam se comunicar e estabelecer uma relação direta com consumidores que não acompanham a mídia tradicional, não leem jornais, não ouvem rádio e não assistem televisão. A única forma de os aceder é através das plataformas que consultam diariamente. É aqui que os eSports e os videogames têm uma oportunidade no futuro do marketing digital. Por outro lado, o cenário esportivo vai crescer em premiações e na transmissão, com grandes emissoras de televisão que certamente também participarão do mercado.