Por Anamaria Bacci, jornalista e tradutora da G&M News.
Qual foi a concepção original pela qual você decidiu lançar o casino?
Eu e o Jorge Goncalves, também cofundador de Casino Portugal, acompanhámos os desenvolvimentos do jogo online em Portugal ainda desde Londres, onde explorámos oportunidades no setor. O jogo online em Portugal estava prestes a ser regulado e estávamos conscientes da oportunidade que iria surgir. Por isso, tínhamos dois grandes objetivos: primeiro, ter uma plataforma própria, única, costumizada ao mercado português, e efetuar uma parceria com um casino de base territorial, a qual fizemos com o grupo da Amorim Turismo, através do Casino da Figueira. Segundo, sermos dos primeiros operadores a ter licenças emitidas, pois tínhamos noção da importância do time-to-market, e atingimos estar entre os quatro primeiros operadores a ter licenças de apostas desportivas e jogos de fortuna ou azar.
Quais objetivos você tem conseguido cumprir ao longo desses quatro anos? Quanto mudou o mercado português?
Em qualquer mercado recém-regulado, os desafios são sempre grandes numa fase inicial, no entanto temos conseguido ganhar quota de mercado e superar o crescimento que o mercado têm tido ano após ano. Alem disso, pelo facto de termos uma plataforma própria, tivemos que acompanhar todos os desenvolvimentos legislativos e garantir que a nossa oferta corresponde ao que os nossos clientes procuram. O mercado português tem evoluído ao longo dos anos, com taxas de crescimento anuais de dois dígitos. O regulador teve a preocupação no ano passado de estabilizar o modelo de impostos aplicados e todos os regulamentos têm ajudado a esse crescimento. Existe ainda um caminho a percorrer no que toca ao jogo ilegal. Este caminho poderá passar pelo bloqueio dos métodos de pagamento nesses operadores e pela emissão de licenças a outros stakeholders da indústria (como fornecedores e afiliados).
Como você tem trabalhado na área de marketing digital, um segmento que cresceu muito nos últimos tempos?
Sem duvida. A era digital, associada aos avanços tecnológicos, está em constante evolução. Ainda este mês li uma entrevista muito interessante em que o CEO de uma empresa de e-commerce se referiu aos anos tecnológicos como anos caninos, em que cada ano que passa vale por sete. As empresas devem ter a capacidade de acompanhar novas tendências. No Casino Portugal queremos que as nossas equipas não tenham receio da mudança ou sair da sua zona de conforto. Através da melhora de novos meios e de progressos no nível de marketing automation, inteligência artificial e data mining, temos a facilidade em chegar ao consumidor de varias formas e com bastante agilidade; mas como nós, as outras marcas também conseguem. Por isso, cada vez mais temos presente o desafio de criar ofertas ‘tailor-made’ aos nossos públicos alvos.
Como é que a sua empresa e o mercado português têm acompanhado as tendências do iGaming global?
Apesar de ter recebido primeiro a licença em apostas desportivas, o Casino Portugal tem tido uma evoluçao muito positiva no segmento de casino online. Analisamos as tendências do mercado a nível global e estamos conscientes dos desafios que nos esperam. A Associação de Operadores de Jogo Online em Portugal (APAJO) vem cumprindo um papel interessante nas relações com outras associações, e isso permite-nos entender as dificuldades existentes noutros mercados e trabalhar com antecipação esses temas.
O que você pode nos dizer sobre os benefícios derivados da aliança com ESA Gaming?
A indústria é relativamente pequena e temos o principio de manter boas relações com as pessoas com quem trabalhamos, quer seja um gestor de conta ou o CEO de outra empresa. No caso da ESA Gaming, todo o trabalho foi feito com a Maria Malfasi, Gerente de Desenvolvimento de Negócios de ESA Gaming, com quem já havíamos desenhado o lançamento da iSoftBet no nosso casino. Muito do sucesso do Casino Portugal se deve a este tipo de relacionamentos. Com a Maria, temos atingido vários objetivos, tal como a parceria em exclusividade durante nove meses para o mercado português. Os nossos clientes vão beneficiar de uma experiência única de jogos com a vertente swipe-in.
Como está o jogador português? Que hábitos e gostos você encontra neles?
Neste ultimo ano e meio, fruto da pandemia e do confinamento, temos notado várias alterações nos habitos dos clientes. Por exemplo, advertimos que houve uma transição para jogos de casino quando não tivemos eventos desportivos e posteriormente o inverso, e um crescimento do uso de dispositivos desktop pelo fato de as pessoas estarem em teletrabalho. Com isto, também compreendemos que os gostos se têm alterado e fazemos um trabalho extenso a nível de CRM para entender os nossos clientes atuais e futuros. O ultimo release que fizemos com um fornecedor 100% português foi o lançamento de uma slot exclusiva com conteúdo premium associado ao ator e comediante Rui Unas, pois sentimos que existia essa vontade por parte dos nossos clientes em ter conteúdo especifico relacionado com Portugal.
Que planos e expectativas você tem para o futuro?
O grande projeto está relacionado com o jogo responsável. Estamos focados na melhoria constante do nosso produto e criar novas funcionalidades que permitam aos clientes ter noção dos seus limites e dar o acompanhamento necessário a quem necessita. Um dos nossos objetivos é reduzir a taxa de receitas provenientes de jogadores com problemas de jogo inferior 5% do nosso total de receitas.