Por Anamaria Bacci, jornalista e tradutora da G&M News.
Como nasceu tua paixão pelo poker?
Surgiu através de um ex-namorado: ele escreveu as regras do poker em um papel e abriu uma conta com dinheiro fictício para eu treinar. Logo que aprendi, começamos a jogar em casa de amigos e quando sentei pela primeira vez numa mesa de poker, foi amor à primeira vista.
Como você lembra do seu primeiro torneio como profissional? E o seu primeiro título?
Nossa foi muito emocionante! Foi em 2011. Eu morava em Jaú, interior de São Paulo, e fui para Ribeirão Preto jogar um evento onde o Felipe Mojave era convidado especial e ele tinha acabado de conquistar o anel do WSOP. Lembro como se fosse hoje quando pedi para tirar foto com ele. Joguei toda mão super focada, determinada a ganhar aquele troféu e deu super certo. O troféu era de madeira e enorme. Tenho ele até hoje!
O que você pode nos contar sobre sua primeira viagem a Las Vegas, a meca do jogo?
Las Vegas era um sonho para mim e acho que para a maioria dos jogadores. A primeira viagem para lá foi em 2015; foi maravilhosa, porém muito difícil. Fui com minha amiga e também jogadora profissional Caroline Dupré. Ficamos cerca de 45 dias jogando praticamente todos os dias. Era um misto de emoções por estar em Las Vegas jogando com os maiores players do mundo, os melhores eventos que existem e a responsabilidade e seriedade de controlar a ansiedade e ser extremamente profissional. Tudo em Vegas fascina, desde a cidade até aqueles salões do WSOP; a atmosfera é diferente, são milhares de pessoas do mundo todo nos eventos de poker, todos com a mesma paixão.
Você é uma das jogadoras referentes no poker brasileiro. Que lugar o Brasil ocupa dentro do poker latino-americano, segundo a sua opinião?
Com certeza, em primeiro lugar! Crescemos muito nos últimos anos. O Brasil é uma das principais potências do poker no mundo! Temos a maior quantidade de representantes no Ranking Mundial no site Pocketfives no poker online. De 100 jogadores, nós temos 20 representantes. O Brasil está muito bem representado.
Com a pandemia, os torneios presenciais foram suspensos e as modalidades online reforçadas. Falando nisso, o que a pandemia afetou no seu jogo? Que hábitos você mudou?
Eu sou jogadora de poker, mas a minha paixão é o poker live. Gosto do olho no olho, de observar a respiração, os olhares de cada um em meio às mãos jogadas, gosto dos eventos, dos corredores cheios de jogadores, das conversas e trocas de experiências com outros jogadores. Eu jogava quase todos os dias, e por causa da pandemia, isso se tornou impossível e muito triste, mas também jogo e gosto do online. Eu e meu marido temos um clube no aplicativo PokerBros que está evoluindo muito. Então focamos no app e no online como jogadores e empresários também. O poker online cresceu muito nessa pandemia.
Que futuro o poker tem dentro do mundo mobile? Que vantagens esse sistema permite em comparação com o jogo presencial?
Sou, sim, como eu disse, eu e meu marido Kadu Campion, que também e um jogador profissional, temos um clube, o Clube Campion, dentro do aplicativo PokerBros. Adoramos a versatilidade e facilidade desse tipo de aplicativo, além de ser muito fácil de acessar, com layout moderno e divertido traz ótimos torneios com prêmios maravilhosos, além do field, que conta mais com jogadores recreativos. Vale a pena experimentar! O poker nesse formato está crescendo cada dia mais. O clube, dentro do app, funciona assim: o jogador abre uma conta no aplicativo, entra e contato conosco, adicionamos ele ao nosso Clube Campion e nós cuidaremos desse jogador. Ele compra e vende as fichas através do nosso clube. Enviamos para ele também os eventos diários.
No poker costumamos ver mais homens que mulheres participando. Por que acontece isso? Você percebe que tem muitas jogadoras e não têm a visibilidade merecida? Você acha que, pouco a pouco, elas estão ganhando espaço no esporte?
O poker é um esporte predominantemente masculino, mas posso te dizer com toda a segurança do mundo que nós mulheres crescemos demais. Hoje, somos milhares jogando todos os tipos de eventos. Na época que eu comecei, não tinha mais que 20 meninas em um evento profissional. Eu recebia muitas mensagens de mulheres que tinham muita vontade de jogar torneios grandes como BSOP, Campeonato Brasileiro de Poker, por exemplo, e não tinham coragem de sentar-se em uma mesa com mais oito homens. Atualmente, isso quase não acontece mais. Tivemos muitos movimentos, grupos, campanhas que incentivaram as mulheres a frequentarem os eventos, e fomos crescendo cada vez mais.
Que conselho poderia dar às mulheres que querem começar no poker?
Aconselharia a enfrentar, a não desistir, não deixar o medo de encarar esse mundo gigantesco do poker tomar conta. Para as mulheres que querem começar a jogar, seja por qualquer motivo, profissional ou não, observem sempre seus adversários, isso traz muitas respostas. Dedicação, muita dedicação!
Quais são teus projetos e metas para o futuro?
O poker me trouxe muitas chances de crescimento. Conforme fui tendo resultados (conquistas em torneios como Aconcagua Millions Madrid; High Roller do Campeonato Paulista; 6-Max Campeonato Brasileiro de Poker, BSOP; High Roller Caribe Poker Saint Marteen; Ladies do BSOP -brasileiro-, e Ladies CPH -Paulista-), foram aparecendo patrocínios e soube aproveitar as oportunidades. Hoje, divido minha vida como jogadora, como empresária dentro e fora do poker, e também como mãe (tenho uma menina de três anos). Quando a pandemia passar, pretendo continuar a jogar os eventos lives, a administrar, investir e jogar no nosso Clube Campion no PokerBros e, claro, aproveitar a vida ao máximo, porque todo esse caos veio nos mostrar que a vida é curta e precisamos viver cada dia como se fosse o último! Enjoy!
Você pode entrar em contato com Milena Magrini nas seguintes redes sociais:
Instagram: @milenamagrini // @pokerbrosbrasil
Twitter: https://twitter.com/milenamagrini
Facebook: www.facebook.com/milena.magrini