Por Leticia Navarro, jornalista da G&M News.
Por que a decisão de mudar a data do evento BiS SiGMA Américas 2024 de junho para abril?
Essa pergunta é muito pertinente e será respondida oficialmente e publicamente pela primeira vez aqui nesta entrevista. Primeiramente, consideramos o calendário de eventos do setor na América Latina, evitando conflitos com datas de eventos no Peru, Argentina e Colômbia. Também buscamos encaixar o Brazilian iGaming Summit no calendário global da SiGMA. E por último, levamos em conta a realização do Web Summit no Rio de Janeiro (15-18 de abril de 2024), aproveitando seu momento. Mesmo não estando diretamente relacionado ao ecossistema das apostas e jogos, este outro evento atrai muita gente ao Brasil e tem uma correlação com a nossa indústria, particularmente pelos temas afeitos à inovação, digitalização dos negócios e Blockchain, por exemplo. Assim, programamos nosso evento próximo ao Web Summit, confirmando o BiS SiGMA Américas para abril, entre os dias 23 e 26, em São Paulo.
Que melhorias estão planejadas para esta próxima feira?
Na próxima edição, teremos novidades e aprimoramentos. Espera-se um público maior que os 6.700 participantes de 2023 e uma área de evento ampliada em 2024. Buscamos maior integração com o grupo SiGMA para melhorar entregas e experiências dos visitantes, unindo as qualidades da SiGMA ao Brazilian iGaming Summit num evento singular.
Quanto você vê o crescimento da BiS no próximo ano após o sucesso de 2023?
Buscamos crescimento orgânico e sustentável. Em 2023, tivemos 6.700 participantes e mais de 250 expositores na feira. Para 2024, almejamos ampliar a audiência. Podemos melhorar o evento e trazer novidades em 2024 para enriquecer a experiência. Nosso setor cresce rapidamente no Brasil, demonstrando potencial para o mercado brasileiro e latino-americano. Um evento único como o nosso evidencia esse potencial das economias da América Latina.
Qual é a sua opinião sobre a recente assinatura da medida provisória para regulamentar as apostas esportivas no Brasil pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva? Você acha que o debate no Congresso culminará na redução da alíquota de imposto, fixada em 18% do GGR, que é a questão mais resistida pelas operadoras?
A regulamentação do setor é um anseio antigo da indústria, mas para ser uma boa regulamentação, deve atender às demandas do mercado e se compatibilizar com os objetivos de arrecadação governamental. A atual proposta de Medida Provisória terá vida curta; o ideal seria uma regulamentação abrangente, incluindo apostas esportivas, cassinos e jogos no Brasil. Assim, fomentaria o mercado e aumentaria a arrecadação de impostos federais e estaduais. A alíquota prevista de 18% somada aos demais tributos vigentes e uma licença de R$ 30 milhões inviabiliza o negócio comercial das empresas, tornando pouco atrativos os investimentos em apostas esportivas para as companhias. Isso se aplica particularmente as bet techs e as casas de apostas nacionais e de média dimensão, pois só as empresas multinacionais e maior porte no setor acabam se beneficiando de uma medida deste calibre.
Que outros aspectos você acha que devem ser considerados/solucionados e que não estão claros na lei?
A medida provisória e o projeto de lei não abordam um tema decisivo: a publicidade no setor de apostas esportivas. Essa questão é vital para a indústria, os clubes esportivos e mídia, principais interessados na receita publicitária. Por outro lado, não há informações detalhadas sobre quais agências serão responsáveis pelo monitoramento da atividade. A atual proposta da MP é essencialmente arrecadacionista, tendo este como seu principal objeto. Sente-se a falta de cobertura legislativa no âmbito da integridade do jogo, da proteção ao consumidor, da prevenção e combate à fraude. E por último, a atual legislação em discussão não prevê ainda a regulamentação dos cassinos, bingos, que são os jogos de legado mais tradicionais, mais interessantes e de maior potencial econômico para o Brasil.
Quanto ao futuro do segmento iGaming, quais as inovações tecnológicas e tendências que você apontaria?
O iGaming é um segmento altamente tecnológico, sustentado por inovações. No futuro, propostas que unem diferentes tecnologias têm grande potencial. Meios de pagamento e sistemas antifraude são cruciais para a sustentabilidade das operações. Dentre as muitas inovações e evoluções emergentes na indústria, a convergência tecnológica indica colaboração com blockchain, possibilitando alternativas e melhorias nos jogos de iGaming. Assim como os cripto ativos, que estão em crescimento e serão cada vez mais adotados no futuro.