Do ponto de vista histórico, o termo ‘jogar’ e a prática do jogo na vida do homem foram abordados por autores das mais diversas tendências teóricas nas áreas da sociologia, filosofia, educação física, cultura, psicologia, e pedagogia, entre outras. Da perspectiva filosófica, o conceito pode ser rastreado desde os escritos de Platão, mas sua importância se acentua a partir do século XVIII.
Entre os autores que refletiram sobre o tema, se pode citar a Friedrich Schiller, que escreveu sobre o “impulso lúdico”, que reconcilia matéria e forma, natureza e espirito, necessidade e liberdade, particular e universal. O lúdico encontra sua expressão no jogo, que desenvolve e atualiza as capacidades estéticas do homem. Por seu lado, Honoré de Balzac falava do jogo como “uma paixão universal que pressupõe a igualdade entre as pessoas”, enquanto Walter Benjamin enfatizava que “o jogo, como qualquer outra paixão, envolve e mobiliza todos os órgãos dos sentidos”.
O PRINCÍPIO DO PRAZER
No dicionário, o ‘jogo’ é descrito como uma atividade para a recreação, diversão e brincadeira. No mundo contemporâneo, é evidente seu relevo para a sociedade. Está diretamente relacionado ao princípio do prazer e ao exercício do lazer.
No lazer completo existem três funções fundamentais que se inter-relacionam: 1) proporciona à pessoa a possibilidade de libertar-se das fadigas físicas ou neurais que são contrárias ao seu ritmo biológico, tendo o poder de recuperação; 2) libera-a ainda do tédio cotidiano, nascido das tarefas repetitivas e iguais, oferecendo a ela um universo livre e imaginário do divertimento, em consonância com a sociedade (atitudes legais); e 3) permite que cada um saia de seus estereótipos impostos pelos organismos de base, abrindo caminho para uma superação de si mesmo e pela liberação de seu poder criador.
OLHAR PROFISSIONAL E MUNDO DO TRABALHO
De acordo com a psicóloga Márcia Mathias: “Quando joga, o indivíduo assimila a realidade no lúdico. Várias áreas do cérebro são estimuladas, tanto pelo aspecto da diversão quanto da aprendizagem. O lúdico é cultural; mobiliza esquemas mentais e ativa funções psiconeurológicas e operações cerebrais, o que estimula o pensamento e várias funções da personalidade”.
Juliana Proserpio é empresária e educadora. Também é a cofundadora e Chefa de Design da ECHOS, laboratório de inovação. Ela diz que a brincadeira e os jogos oferecem benefícios como construção de confiança, empatia, otimismo, flexibilidade, abertura, foco no presente, perseverança, equilíbrio emocional e resiliência, explorando o possível desenvolvimento cognitivo e incrementando um senso de pertencimento. “Brincar/jogar é uma necessidade para a criatividade; e alimento para a inovação. As empresas também podem sofrer com a sua privação e, embora ainda não haja pesquisas científicas para comprovar os efeitos, sabemos muito bem as consequências: as empresas, muitas vezes, são profundamente hierárquicas, processuais, monótonas e estáticas”, ela explica.
No ambiente de serviço, como é a indústria de jogos, vários benefícios são adquiridos com a realização dessas práticas: a criatividade e o espírito de equipe, além de destacar lideranças. Jogar ativa o raciocínio lógico e cognitivo, o que estimula o córtex pré-frontal do cérebro, responsável pela memória de curto prazo, dando noções de quantidade, direção e profundidade.
A melhor maneira de começar a brincadeira é através dos valores e práticas da empresa, mudando a cultura de negócios. Da mesma forma, o jogo está profundamente ligado à prática do Design Thinking, gerando momentos muito produtivos e focados. Uma sessão de brincadeiras e jogos é capaz de liberar o melhor potencial criativo de uma equipe, abrindo espaço para experimentação e perseverança. Enquanto traz diversão para o trabalho, gera resultados incríveis para as empresas.