Por Anamaria Bacci, jornalista e tradutora da G&M News.
André, o que é a Furia Esports?
A Furia é uma organização de Esports que tem como missão ser um movimento sócio-cultural e influenciar positivamente jovens do mundo inteiro, especialmente do Brasil. Usamos o canal de performance para ter voz para influenciar esses jovens.
Como surgiu a Furia? Que benefícios te trouxe relacionados ao poker?
A Furia surgiu de um sonho do Guerri de montar um time de CS:GO. Quando aceitamos o desafio, eu, Jaime e Cris, sabíamos que poderíamos montar algo muito maior que um time, e isto de fato aconteceu. O poker me ajudou no dia a dia desta construção, o mindset, a forma de pensar performance fez nascer o ‘Método Furia’ de performance. Sem contar que o dinheiro que ganhei no poker também me ajudou a financiar o início da Furia.
O que você lembra do teu começo no poker? Qual foi teu primeiro campeonato?
Comecei no poker em 2005, em torneios super amadores em São Paulo, na casa de amigos, mesas de bar, onde nós mesmos dávamos as cartas. Logo, em seguida, veio o CPH – Circuito Paulista de Hold’em, ainda muito amador, mas com mais pessoas envolvidas. Foi assim que tudo começou! Nos primeiros campeonatos eu já tinha certa experiência vinda do online que dava alguma vantagem técnica e aí acabei me apaixonando ainda mais.
Imagino que você seja um jogador muito tático. Como você se prepara antes de cada torneio?
A preparação para torneios se divide em duas partes. A parte técnica, que são estudos de situações de mãos e possibilidades de jogadas onde você buscar a melhor saída de longo prazo. E a segunda, que é a parte psicológica, onde tento buscar uma plenitude de potencial mental pré-torneios para entrar 100% focado e desempenhar bem tecnicamente. Busco meditação, relaxamento, me aproximar de coisas positivas para que minha mente entre em campo em pleno estado de performance.
Como foi a experiência de ganhar o Circuito WSOP em 2011 e conseguir o cobiçado bracelete?
A sensação foi fantástica, melhor momento da minha carreira em termos de vibração e alcance da mensagem do poker para a população brasileira.
Você é um dos jogadores mais reconhecidos do Brasil. Você se sente assim no Brasil?
Batalhei muito para que eu e todos que gostassem poder jogar poker no Brasil. Acho que nas mesas e fora delas, minha missão sempre foi defender o esporte mental poker. Quando você tem uma missão assim, aos aficionados por poker você vira referência. O poker me trouxe muitos problemas, desafios, em um país como o Brasil. Mas por outro lado, me deu tudo de melhor que a vida poderia me oferecer. Me sinto orgulhoso de ter feito tudo e poder continuar minha missão pelos próximos anos.
O que o poker te ofereceu e permitiu durante a tua carreira?
É uma disciplina que me ofereceu um método muito mais racional e otimizado de pensar a vida. Uso isto em tudo que faço, todas as relações que tenho, e isto é um benefício impagável.
Qual é o lugar que o Brasil ocupa hoje no poker latino-americano?
No poker online, o Brasil tem os melhores jogadores do mundo. No poker ao vivo ainda não temos como competir, pois é muito mais complicado de se participar de eventos nos EUA e Europa, quando comparado aos residentes destes locais, mas em breve também seremos o número 1.
Que hábitos de tua vida mudaram por causa da pandemia?
Coisas muito negativas, como ficar longe de pessoas que eu amo, familia, amigos, etc. Fiquei super preocupado e recluso por isto. Porém, me trouxe muitas coisas positivas também, como ficar próximo das minhas filhas muito mais tempo do que estavámos acostumados, ficar bastante na Furia e fazer esta explosão que hoje todos estão presenciando.
Você já jogava poker online antes do Coronavírus. Quais são as diferenças entre online e presencial?
Sim, jogo online desde 2005. O poker é gostoso de qualquer maneira. O jogo online é mais orientado por dados, estatística, um método mais robotizado de se jogar, enquanto o ao vivo o fator humano fala muito mais alto, o aspecto social também. Entretanto, os princípios técnicos são os mesmos.
Desde o primeiro campeonato que você participou até hoje, quanto você mudou?
Mudei muito, todos mudam! Sou muito mais preparado, evoluído em diversos sentidos. Tecnicamente, mentalmente, e tudo mais. A idade traz coisas ruins pois ninguém quer ficar velho, mas traz muita sabedoria e experiência para aproveitar bem melhor cada momento da vida.
O que você diria ao André Akkari do passado?
Obrigado.
Então, que conselhos você daria aos principiantes?
Jogue poker pela essência do jogo, seja mais apaixonado por estudar poker do que jogar poker. Nunca jogue valores que te machuque, sempre pense no longo prazo e construir volume nas perspectivas de jogo. Somente assim se constrói carreiras sólidas no poker.
Que projetos você tem pela frente?
Meu projeto de trabalho está 100% focado em poker e Furia. Tenho outros investimentos, mas com pessoas super capacitadas para desenvolvê-los. Quero em breve criar canais de comunicações para dividir com as pessoas minhas experiências nestas áreas. Creio que conseguirei fazer isto em 2022.
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