Como nasceu o Webcore? Quais são seus valores?
A Webcore Interactive nasceu em 1999 como uma produtora digital voltada para o desenvolvimento de soluções de tecnologia e inovação. Em 2004, começamos a estudar o mercado de games e, em 2005, abrimos a Insolita Studios, nosso estúdio para desenvolvimento de jogos próprios. Com o passar dos anos, acabamos juntando novamente as marcas e hoje fazemos nossos jogos com o nome de Webcore Games. Nossos valores são um constante investimento em nossa equipe. Temos um time incrível que cuida da nossa produção. Também somos apaixonados por inovação e nossos jogos geralmente trazem algum apelo nesta área. Por último, nossos jogos são geralmente criados em cima de bastante conteúdo e apelo visual.
Nos últimos anos, a indústria de videogames cresceu muito, assim como os desenvolvedores independentes. Por que milhões de jogadores preferem apostar nesses estúdios, em vez de escolher outros grandes nomes como a Blizzard?
A indústria de jogos é um mercado realmente muito, muito grande. Existem jogadores para todos os tipos de games e, claro, os jogos das grandes franquias ainda são os mais procurados. Mas existem muitos jogadores que querem conteúdos originais, jogos mais experimentais ou mesmo ideias que ainda não foram testadas em grandes jogos. É aí que os jogos de estúdios menores e estúdios indies conseguem aparecer para o grande público. Muitas vezes, esses jogos têm experiências e também um estilo de arte que não seriam possíveis em jogos voltados para o grande público.
Ao contrário de outros países da região, Brasil é um mercado forte para videogames. Quais são suas principais características e virtudes?
O jogador brasileiro sempre foi ávido por novidades e novos jogos. O Brasil se tornou o 4º país do mundo em número de jogadores e o 12º em gastos com jogos. É também o país que mais consome games na América Latina, e passou o México em total de faturamento. É por isso que muitos jogos querem vir para o Brasil e a corrida para conquistar novos jogadores é grande. Por outro lado, o mercado produtor de games no Brasil ainda não é tão importante. Vemos cada vez mais empresas lançando jogos maravilhosos feitos no Brasil para o mundo, mas queremos que estes jogos sejam cada vez maiores e que mais pessoas joguem os games feitos no Brasil. Mesmo para o público brasileiro, poucos jogos feitos aqui ainda são conhecidos. Para melhorar a visibilidade dos jogos brasileiros, é necessário mais investimento do Governo, dos investidores privados, e uma melhor formação dos estúdios para que os jogos sejam cada vez mais completos. Também precisamos refinar o marketing para lançamento dos jogos.
Qual é a sua visão e perspectiva em relação ao desenvolvimento dos videogames na América Latina em geral?
A América Latina conta com estúdios incríveis que já lançaram grandes jogos. Temos empresas que são verdadeiras referências mundiais, principalmente no mercado de jogos para celulares. Minha perspectiva é que veremos cada vez mais jogos conhecidos feitos nessa região. Também acredito que vamos começar a ver uma grande onda de aquisição de estúdios da América Latina por empresas estrangeiras.
Vocês contam com dois jogos para PlayStation 4. Como você projeta o passo geracional em direção ao PlayStation 5?
Enxergamos que o importante hoje é que os nossos jogos funcionem no maior número de plataformas possíveis, como PlayStation 4 e 5, entre outros consoles. Jogos que necessitam do hardware específico do PlayStation 5 ainda devem demorar para sair aqui no Brasil, mas é importante que os jogos marquem presença ali e que, sobretudo, funcionem e sejam lançados de forma consistente nessas plataformas.
Sua empresa demonstra uma forte presença no mundo móvel. Que análise você faz neste segmento? Quais são as razões que fazem com que esta indústria tenha ainda mais desenvolvimento do que os videogames de classe AAA?
O mercado de jogos móveis vem crescendo cada vez mais ano após ano. Por exemplo, em 2016, lançamos com sucesso o jogo My Night Job para PlayStation 4 e Steam. O grande número de dispositivos móveis e também o catálogo variado de jogos disponíveis de forma gratuita permitem que cada vez mais pessoas joguem. De toda forma, apesar de haver um número muito maior de jogos, não é fácil fazer um jogo mobile ter muitos jogadores, e é ainda menos simples que um jogo pode monetizar bem. As dificuldades são diferentes das de um desenvolvimento AAA, mas, mesmo assim, são bastante complexas e exigem equipes extremamente competentes para isso. Ou seja, o número de jogos móveis é realmente muito maior que os de AAA, mas o número de jogos que tem uma receita considerável não é tão grande. Por conta disso, o Brasil e a América Latina ainda tem um número maior de estúdios que desenvolvem jogos para PC e Consoles. Apesar das dificuldades, por muitas vezes, é mais fácil fazer com o que o seu jogo tenha mais visibilidade e apelo para o seu público-alvo.
Quais projetos sua empresa tem em pauta para o restante de 2021 e para os próximos anos?
Estamos trabalhando em três novos projetos: TerraCodex, nosso jogo VR que traz toda experiência de um board game para as plataformas de Realidade Virtual; um jogo de narrativa ainda não anunciado para plataformas móveis, e um novo jogo para PC e consoles do personagem Timo, de criação do artista Raul Aguiar.