O que você lembra do teu começo no poker? Qual foi teu primeiro campeonato?
Aos 13 anos comecei a jogar com meu pai, como com qualquer outro jogo. Depois, continuei em casa com meus amigos. Já tinha começado a apostar. Em 2005, participei do meu primeiro torneio, no começo do poker no Brasil. Era especificamente o Circuito ABC em São Bernardo, São Paulo, com 88 jogadores.
Antes do poker, você foi jogador de xadrez. Por que decidiu mudar?
Fui jogador profissional de xadrez e competi em torneios nacionais. Infelizmente o xadrez não é tão bem reconhecido como deveria. Portanto, não conta com tanto investimento, o que dificulta as possibilidades de ser um profissional e viver disso. Em compensação, o poker tem um leque muito mais amplo. De fato, são vários os jogadores brasileiros que passaram do xadrez ao poker. Temos uma vantagem: estamos acostumados a parar pra pensar antes de agir e nos une o hábito de estudar.
Dadas estas características, imagino que você é um jogador muito tático. Como você se prepara antes de cada torneio?
A preparação é diária e não só exclusiva antes dos eventos. Assim como no xadrez, no poker é necessário estar sempre em dia com as novas estratégias e tendências.
Como foi a experiência de ganhar o Circuito WSOP em 2018 e conseguir o cobiçado anel?
Acho que todos os títulos são importantes, mas alguns são especiais. Esse campeonato, com o carimbo da WSOP, tornou-se muito significativo para mim. Aliás eu ganhei numa modalidade diferente do Texas Hold’em, o que aumenta ainda mais sua relevância.
Você é um dos jogadores mais reconhecidos do Brasil. Você se sente assim aqui?
Fazer uma lista e definir os melhores jogadores é muito difícil, pois tem muitos critérios para seguir. Por isso, independentemente do nível técnico e dos títulos, ser um referente pode variar muito. Acho que sou um representante do poker brasileiro e isso já é muito gratificante.
Quais são tuas motivações pessoais em tua participação em jogos de azar?
As motivações também mudam muito. O principal é ser feliz; acordar e estar satisfeito de poder trabalhar no que você ama. Claro que o dinheiro é importante, porque se é teu trabalho, te permite ganhar a vida, para você e tua família. Eu não tenho grandes ambições. Sempre busco o equilíbrio.
O que o poker te ofereceu e permitiu durante a tua carreira?
O poker me deu maior liberdade em minhas escolhas. Dirijo minha carreira da melhor maneira possível. Não tenho pressões externas de chefes nem horários fixos. Apesar de trabalhar muito mais tempo assim que do jeito tradicional, eu faço por prazer e no meu ritmo.
Como surgiu tua aliança com Pay4Fun? Que benefícios este vínculo pode trazer ao jogo?
Eu trabalhei com o Leo Baptista (CEO da Pay4Fun) em outros projetos e empresas, então já tínhamos essa confiança mútua. Como método eletrônico de pagamento, Pay chegou com uma solução para um velho problema dos jogadores. A companhia me escolheu para apresentar este produto ao público em geral e, principalmente, à grande comunidade de jogadores profissionais de poker. Estou contente com o vínculo.
Que lugar o Brasil ocupa hoje no poker latino-americano?
O Brasil é uma grande potência mundial. Já estamos entre os melhores jogadores do mundo e, por isso, temos este papel de liderança na América Latina, seja pela quantidade de jogadores ou por sua qualidade.
Quais hábitos da tua vida mudaram por causa da pandemia?
A falta de viagens mudou muito minha rotina. Este seria meu décimo terceiro ano consecutivo indo à WSOP em Las Vegas e a pandemia tirou isso de mim, além de todos meus torneios presenciais. Na verdade, uma viagem não implica só disputar um torneio, mas também me reunir com amigos, fazer contatos. Tenho muitas saudades desses momentos compartilhados com a comunidade do poker.
Você já jogava poker online antes do Coronavírus. Quais são as diferenças entre online e presencial?
Já, desde o começo eu joguei as duas modalidades. Prefiro o poker ao vivo porque te traz mais emoções e situações para explorar. Entretanto ser um profissional a longo prazo implica também conhecer e experimentar o online. Jugar iPoker me permite ter mais torneios.
Desde esse primeiro campeonato que você participou em 2005 até hoje, quanto você mudou? O que você diria ao Rodrigo Garrido do passado?
Teria muito que lhe dizer, mas jamais faria isso porque acho que isso mudaria quem sou hoje, e estou muito feliz assim.
Então, que conselhos você daria aos principiantes?
Eu diria que não deixem passar as oportunidades pensando que sempre podem aparecer outras. E nunca baixar a guarda, que aproveitem o tempo, porque passa muito rápido. Se começam a jogar porque acham que é um trabalho fácil, estão muito enganados. Para ter sucesso no poker, terão que trabalhar muito duro. Esta carreira deve ser levada a sério e não se conformar com os bons tempos, porque as tempestades virão e deverão estar preparados para enfrentá-las.
Que projetos você tem pela frente?
O passado 2020 foi um ano de manutenção, de muita reciclagem e estudo. Tenho vontade de continuar participando dos circuitos mais importantes do mundo, ganhando títulos e ficando ativo entre os principais jogadores do país.