Inaugurou-se, a 1º de maio de 1932, o Grande Hotel da Praia da Rocha, cujas obras de remodelação das instalações do antigo Casino lhe permitiram, na altura, ser considerado um dos melhores equipamentos turísticos do país, não só pela beleza do seu traço arquitetónico, como também pelas suas condições de higiene e pelos serviços modelarmente organizados, para servir as mais singulares exigências dos seus clientes. Alguns dos requisitos mais solicitados pela burguesia turística desse tempo parecem-nos hoje elementares, como, por exemplo, o telefone no quarto, a casa de banho no andar de alojamento, serviço privativo dos quartos (almoço e jantar), colchão de molas, produtos de higiene, mudança diária de lençóis, pessoal especializado para a limpeza, desinfestação e aromatização do quarto, elevador amplo e rápido ou mobiliário de estilo antigo e de luxo.
Para o historiador José Carlos Vilhena Mesquita, a sua construção veio preencher uma lacuna há muito sentida na cidade de Portimão, cujas potencialidades turísticas se demonstravam na crescente procura de alojamento. Vinham pessoas de todo o país, especialmente de Lisboa e do Alentejo, atraídas pela beleza natural da Praia da Rocha, pela amenidade do clima e tolerância de costumes.
O equipamento âncora do turismo algarvio era o Casino da Praia da Rocha, o primeiro que existiu no Algarve, cujo particular domínio do lazer e entretenimento viria a rivalizar com o velho Casino Peninsular de Monte Gordo, profundamente remodelado em 1934, cuja proximidade com Espanha justificou o estatuto de centro permanente do jogo no Algarve. Nas praias e nas termas deste país havia sempre um barracão de madeira ou um palacete démodé adaptado para casino. Até a praia da Manta Rota teve o seu. Todavia, ficaram célebres os casinos da Póvoa do Varzim, Espinho, Figueira da Foz, Nazaré, Estoril, Cascais e Funchal. Nas estâncias termais, notabilizaram-se os casinos das Caldas de Vizela, Pedras Salgadas, Curia e Luso.
NEGÓCIOS E LAZER NA PRAIA DA ROCHA
Regulamentado o jogo através de legislação própria, passaram a existir casinos de jogo permanente e de jogo eventual, abrindo estes últimos apenas na época estival e em locais de grande afluência turística. Eram as chamadas “zonas de jogo temporário”, para o lazer e distração turística, nas quais se incluía o Casino da Praia da Rocha, cuja reabertura apresentava uma nova roleta mecânica e mesas modernas de jogo. Surgiu remodelado e decorado com gosto requintado, mobiliário de luxo para apoio aos espetáculos diários de música e zarzuela espanhola, cujos bailes, nas matinés de sábado, afluía a burguesia de toda a província. O Casino da Rocha era um equipamento de incontornável atração, progressivamente demonstrado na afluência anual de turistas nacionais e estrangeiros.
O Hotel da Praia da Rocha, além de ter sido um dos melhores do país, foi também um dos mais frequentados. Não esqueçamos que o Grande Hotel servia de apoio ao Casino da Praia da Rocha. Nos finais de junho de 1934, a Sociedade da Praia da Rocha adjudicou à Empresa do Casino Internacional da Foz do Douro, que já explorava o jogo na zona da Póvoa de Varzim, os direitos de exploração do jogo no Casino da Praia da Rocha. Nessa altura, aquela prestigiada empresa do norte do país mandou remodelar as instalações do velho edifício do Casino da Praia da Rocha, para assim adaptar-se aos tempos modernos e oferecer melhores condições de conforto aos seus clientes. O Grande Hotel foi construído no local onde outrora se encontrava o modesto Hotel Viola, verdadeiro precursor do turismo balnear na Praia da Rocha. No seu lado direito, figurava, nos anos ‘40, o não menos imponente Hotel da Bela Vista, que rivalizava, ainda que não em qualidade, com o Grande Hotel. No início da República, por volta de 1912, o Hotel Viola, e o próprio Casino da Praia da Rocha, tinham já entusiasmado os seus clientes com esplendorosos bailes, muito chiques, na mais requintada exuberância da moda, com alegres polcas, mazurcas e, sobretudo, valsas a dois e três tempos, dançadas com rigor, habilidade e romantismo. Foram assim os velhos tempos do Casino da Praia da Rocha, quando a burguesia de Lisboa e alguns proprietários agrícolas do Alentejo desciam até ao Algarve para combinarem negócios e estreitarem relações familiares, enquanto se distraíam no casino, dançavam no hotel e, se possível, namoravam na praia.
TEMPOS MODERNOS PARA OS CASINOS DO ALGARVE
Quando Ramalho Ortigão escreveu sobre as praias portuguesas, esqueceu-se do Algarve. A sul do país, havia quase que uma clausura à volta das amendoeiras, dos figos, da pesca da sardinha, das conservas de peixe e do copejo do atum. O Algarve era pobre em património, mas associado à riqueza que rodeava as classes mais favorecidas. Teve altos e baixos no turismo e também se ressentiu com a guerra de Espanha. Algumas décadas mais tarde, renascem os casinos do Algarve. A primeira concessão, para o período inicialmente previsto de 1973 a 1998, teve a empresa Sointal – Sociedade de Iniciativas Turísticas Algarvias, S.A.R.L. como concessionária. Porém, por resolução do Conselho de Ministros, a 29 de abril de 1994, foi rescindido o contrato de concessão, passando a intervir a título transitório uma comissão administrativa, nomeada pelo Governo.
A 1º de fevereiro de 1996, a Solverde, S. A. iniciou, em Vilamoura, a exploração dos casinos do Algarve, seguindo-se-lhe, respetivamente, Monte Gordo e Praia da Rocha. Esta empresa adquiriu, por sua iniciativa, o Hotel Algarve, situado na Praia da Rocha, que passou a ser o primeiro casino-hotel do país. Situado a 290 quilómetros de Lisboa e a 25 quilómetros do Aeroporto Internacional de Faro, o Casino Vilamoura beneficiava de uma localização privilegiada, sendo um polo de atração turística por excelência. Localizado a apenas seis quilómetros da fronteira com Espanha, a 300 quilómetros de Lisboa e a 65 quilómetros do aeroporto, o renovado Casino Monte Gordo constituía um dos mais animados polos de atração algarvios. O grupo Solverde passou a explorar o Casino Monte Gordo, Algarve, em 1996. Situado em plena Praia da Rocha e próximo de diversas infraestruturas turísticas (golfe, marinas, parques aquáticos e animação noturna), o Hotel Algarve Casino conjugava o conforto e o requinte, a animação e o descanso e o lazer e os negócios. Conhecido por Casino de Portimão, foi inaugurado em 1997. A concessão dos casinos do Algarve terminará no dia 31 de dezembro de 2023.