Por Anamaria Bacci, jornalista e tradutora da G&M News.
Corintiano como o seu mestre Andre Akkari, Pedro Padilha se autoconsidera “maloqueiro e sofredor e sambista de coração”. Profissional desde 2012, o paulista começou sempre focado no poker online, e se especializou em ganhar muito dinheiro atrás da tela de um computador. Passou por outros times antes de entrar no Samba, mas também já teve grandes resultados no poker live.
Ele ganhou muitos torneios, equiparando-se a grandes jogadores como João Simão e Yuri Martins. Entre outras, podem ser citadas suas vitórias no Scoop 2021 e do High Roller do WCOOP, sem falar no Main Event da Bounty Builder Series, EPT online.
Quando você começou a jogar poker?
Eu conheci o poker em 2008/2009 assistindo a WSOP na ESPN, como a maioria nessa época. Começar a jogar foi um processo mais demorado: criei uma conta no PokerStars nessa época, mas quase não jogava. Depois de um ano, comecei a jogar Freeroll e uns torneios muito baratos pra me divertir mesmo. Então me dediquei por um ano e meio mais ou menos até que entrei pro Akkari Team, onde começou minha carreira profissional em 2012.
Quais foram seus prêmios mais importantes ou os que você mais curtiu ganhar?
Ahhh! Essa pergunta é muito difícil! É como perguntar pra uma mãe de qual filho ela gosta mais (rsrs). Pra mim, é sempre o último porque tá mais vivo na memória, então acredito que foi o 10k World Championship Of Online Poker (WCOOP) agora em agosto 2021.
O que significou para você alcançar esse título?
Foi extraordinário, uma alegria muito grande! No fim das contas, quando estamos no meio de uma série, nem dá pra comemorar ou sentir essa satisfação de uma grande conquista. No mesmo dia, ainda estava jogando outros torneios, e o trabalho continuou. Só depois que acabam as séries foi que a conseguiu pensar nisso e digerir tudo, ficar feliz, entender o tamanho das conquistas.
Sabemos que você cravou Evento #29-High do Spring Championship of Online Poker (SCOOP) e alcançou um feito histórico, em abril desse ano. Nenhum jogador brasileiro conquistou mais títulos de SCOOP que você. Além disso, você conquistou o título do Evento #29-High (US$ 2.100 NL Hold’em 8-Max) e faturou o quarto triunfo da carreira na série do PokerStars, isolando-se como o tupiniquim com mais vitórias. Qual é a sensação?
É uma sensação muito boa, principalmente, se tratando do Brasil, que é uma potência muito grande no poker. Ter mais títulos em uma série tão grande é uma honra, agora empatado com o João Simão, que é um grande jogador também. Espero conseguir manter e ampliar essa vantagem no ano que vem. O Scoop foi meu primeiro título em uma grande série; por isso tenho um carinho especial.
Que mudanças ocorreram no poker e na sua vida depois do COVID-19?
O que aconteceu foi um reflexo da vida no mundo todo. As pessoas trancadas em casa fizeram com que os jogos online explodissem no mundo todo, e com o poker não foi diferente. Na minha vida foi uma mudança radical, porque eu havia acabado de me tornar sócio do Samba e, literalmente, caí no olho do furacão. De um mês pra outro, saí de um time com 20 jogadores e um ritmo de vida normal pra um time com 400 jogadores, poker explodindo, todo mundo online jogando todo dia. Então minha vida mudou radicalmente, mas pra melhor. De qualquer forma, ainda acho que o poker live é mais divertido que online.
Conte um pouco sobre o Samba Poker Team. Como nasceu e que projetos têm?
O Samba já tem por volta de 10 anos. Começou com meu sócio e amigo Kelvin Kerber, mas eu entrei um ano e meio depois. Difícil falar sobre projetos porque aqui surge uma coisa nova por dia (risos). O principal objetivo é se manter entre os maiores times do mundo, tanto em tamanho quanto em qualidade. Temos feito isso da melhor forma possível, formando grandes jogadores e aumentando nossa estrutura.
Você acredita que o poker brasileiro é melhor que os demais em Latam e até mesmo em todo o mundo? Quais são as características do jogador brasileiro?
Eu acredito que o Brasil hoje é a maior potência mundial com certeza. Somos um país muito gigante e com uma moeda fraca, o que faz com que o poker se torne uma grande oportunidade de carreira mesmo. O brasileiro é apaixonado por competição. Então tudo isso combina muito bem. Creio que a principal característica do jogador brasileiro é a competitividade mesmo. Isso faz com que ele também evolua com mais facilidade.
Que conselhos daria pra quem está começando?
Procure um time! Se você quer viver de poker e está começando, é fundamental se unir a uma comunidade que te proporcione evoluir tecnicamente e também compartilhar experiências com pessoas que estão vivendo o mesmo momento que você, outras que já viveram e podem te ajudar nesse caminho. E o principal: divirta-se!
Você pode compartilhar com nossos leitores algum episódio engraçado na sua vida de torneios e viagens, algum fato curioso, propostas interessantes?
Nossa, são tantas histórias vividas nessas viagens que é difícil pensar em alguma que se destaque. Uma que eu sempre lembro foi em 2014, se não me engano. Rolaram dois EPTs num espaço de 30 dias e eu fui passar um mês na Europa. Os primeiros 15 dias saíram um pouco do controle financeiramente, e gastei bem mais que podia. O dinheiro estava literalmente acabando e ainda tinha 15 dias em Monte Carlo, que era a parte mais cara da viagem. Eu e mais uns amigos antecipamos a ida a Monte Carlo pra poder jogar o domingo online, já que na Itália, onde estávamos, o mercado é fechado e não podíamos jogar. A ideia era realmente fazer algum dinheiro jogando online pra poder continuar até o fim do planejado ou então provavelmente voltar mais cedo. Acabou que foi um grande domingo: eu fiz mesa final de quatro grandes torneios na época, e consegui ficar o resto da viagem tranquilo em Monte Carlo. Nesse grind de domingo estavam grandes amigos e grandes jogadores, que eu me lembro eram (Caio) Pessagno, Headão (Victor Begara), Nicolau (Villa-Lobos), Bruno Kawauti, Hugo Marcelo e me desculpe se esqueci de alguém. Foi uma aventura incrível!