Por H. B. Ducasse, analista.
Podemos procurar mil e uma razões para compreender o desenvolvimento dos jogos antes, durante e depois desta pandemia. Muitas explicações apontam para a angústia do confinamento e o alívio que os jogos oferecem à população. Um olhar menos sociológico poderia dizer que seu sucesso se baseia em sua enorme capacidade de adotar e transportar rapidamente os avanços tecnológicos. Ambas as abordagens podem ser combinadas. Aqui, vamos falar sobre algumas das tendências mais visíveis no mundo iGaming. Do Big Data vinculado aos estudos comportamentais, passando pela massificação do mercado de dispositivos móveis à fascinante inovação de RV, são vários os desafios que a indústria apresenta. Hoje, vamos escrever sobre a realidade virtual imersiva, que promete mudanças substanciais para a vida dos jogadores e antecipa a expansão do setor de jogos.
A TECNOLOGÍA MANDA
Um estudo publicado no ano passado pela consultoria americana Grand View Research revelou o tamanho desse mercado de RV. Só nos EUA, movimentou US$11,56 bilhões em 2019. Antes do COVID-19, era esperada uma taxa de crescimento anual de 30,2%, entre 2020 e 2027. Mas agora, as projeções terão que ser recalculadas. “A indústria oferece acessórios atraentes que aumentam na participação do jogador; sua experiência é cada vez mais envolvente e cativante”, destaca o relatório. O futuro imediato fala de atualizações incessantes das grandes empresas, fortemente comprometidas com esta tendência, bem como de tecnologias com movimentos cada vez mais fluidos, e efeitos 3D e gráficos interativos que vão chamar a atenção dos jogadores e impulsionar o progresso da indústria.
Nesse sentido, o sucesso dos consoles PlayStation 5 e Xbox Series S demonstra a incidência desse fenômeno. Os consoles de videogame continuam sendo seu carro-chefe. Lembre-se que, desde o final de 2019, quando vazou que a Sony havia patenteado o que poderia se tornar uma segunda versão de seus óculos de realidade virtual, a questão vem sendo debatida. Claro, o mercado é muito mais amplo e também tem empresas como Barco, Samsung, Maxent Labs, WorldViz, HTC, Oculus VR, Magic Leap, Cyberglove Systems, Vuzix, CastAR e Google. Muitos desses avanços são voltados para jogos, em que nichos como os Esports não param de atrair fãs consumidores.
CRESCE A DEMANDA DE ACESSÓRIOS
Capacetes, rastreadores de movimento, fones de ouvido, macacões, luvas e uma série de acessórios diferentes para jogos de realidade virtual surgem entre as preferências dos jogadores. É um mercado incipiente e exigente. No entanto, foram os headsets RV lançados comercialmente em 2016 que revolucionaram a indústria. Espera-se que o rápido desenvolvimento de periféricos de realidade virtual seja acompanhado por desktops e consoles de jogos compatíveis, conduzindo assim à consolidação total. O referido relatório destaca a necessidade recíproca entre hardware e conteúdo para manter o interesse, dando origem a um universo de experiências imersivas por meio da realidade virtual.
Nesta carreira, o ecossistema de jogos é um dos mais visíveis, mas também há experiências de RV na saúde, jornalismo, educação, governo e outros setores, com empresas realizando projetos de pesquisa e desenvolvimento para lançar produtos cada vez mais avançados. Paralelamente, vemos o setor de games como um laboratório de teste de outras aplicações de realidade virtual, com acessórios que vão desde dispositivos de detecção de movimento a esteiras, luvas, braços e até macacões de corpo inteiro. Por exemplo, em julho de 2019, a Tesla Suit lançou sua roupa háptica de RV de corpo inteiro que oferece reprodução hiperexata de sensações e captura biométrica. Espera-se que a demanda gradativa por acessórios e roupas de RV entre os usuários e a provável queda de seus preços nos próximos anos impulsionem o mercado. No entanto, as limitações de compatibilidade do dispositivo são um desafio que representa uma barreira para essa evolução.
RENDAS E EXPECTATIVAS
Por enquanto, de acordo com o estudo, o segmento de consoles de videogame responde pela maior fatia da receita, mais de 35%. Os PCs e suas variantes implicam uma participação global na receita de cerca de 25%, mas ninguém duvida que os smartphones terão um enorme avanço entre 2021 e 2027. Ubiquidade e preço são as chaves para prevalecer neste mercado, ao mesmo tempo que abre horizontes de jogos de realidade virtual para um novo grupo de usuários que não necessariamente se identificam como jogadores.
Embora o preço alto continue a agir como o maior obstáculo, todos nós conhecemos a taxa de declínio da tecnologia. Além disso, iniciativas acessíveis estão constantemente surgindo de empresas que buscam estabelecer uma posição neste setor, como o Google Cardboard, um fone de ouvido de papelão para usar com o telefone. Os criadores de jogos estão correndo para oferecer títulos interativos cada vez mais reais e envolventes, marcando uma revolução nos jogos. A competição por posicionamento, hardware, periféricos e, acima de tudo, conteúdo terá um papel central no futuro promissor dos jogos de realidade virtual.