Por Anamaria Bacci, jornalista e tradutora da G&M News.
Você é o pioneiro no mercado das apostas online em Portugal. Como nasceu o Aposta Ganha?
Como criador do ApostaGanha, o nosso portal não só foi pioneiro em Portugal, como também em toda comunidade de língua portuguesa. Todos os modelos de sites, fóruns, competições e formatação de conteúdo hoje no Brasil e Portugal foi inspirada no ApostaGanha. Esta empresa nasceu de uma inspiração, de um sonho e de uma paixão pelo desporto e pelas apostas. Quando a primeira casa de apostas chegou a Portugal, vi a oportunidade de criar um espaço onde apostadores pudessem partilhar as suas ideias e estratégias e de como melhorarem as suas apostas. Numa era sem redes sociais massificadas, os fóruns eram o espaço ideal para isso. Assim nasceu o ApostaGanha em 2005, tornou-se num ápice no maior espaço de debate e produção de conteúdo sobre apostas online. Não exagero ao dizer que qualquer pesquisa sobre jogo, desporto e apostas no Google em português acabava no nosso site.
Quais são as diferenças entre o mercado brasileiro e o português? Em que diferem os dois tipos de apostadores, latino e europeu?
São apostadores em estágios de maturação diferentes. A Inglaterra, por exemplo, é muito mais avançada em comparação ao resto da Europa. O mercado brasileiro é muito recente em comparação com a realidade europeia. As maiores intervenções das casas de apostas diretamente no Brasil não ultrapassam os 15 ou 20 anos. Portanto, o mercado brasileiro ainda é alvo de testes no conhecimento e percepção do que é o mercado das apostas esportivas, mas há pontos que transformam o Brasil numa potência, a popularidade e intensidade dos fãs do futebol são sempre um catalizador crucial para a entrada das apostas. Apesar do preconceito que aos poucos vai diminuindo e permitindo que mais pessoas virem apostadores.
Você acha que o Brasil está atrasado em relação aos países com apostas legalizadas?
Podemos dizer que sim, mas é preciso compreender as vicissitudes históricas brasileiras que o levaram a este ponto. No ApostaGanha Brasil temos vários artigos que falam sobre este processo que envolveu a proibição, criminalização e o monopólio. O Brasil tinha um mercado emergente do jogo na década de ‘40 do século passado, com um potencial enorme que foi proibido de um momento para o outro, basicamente por questões religiosas. Estas razões religiosas ainda estão muito presentes na atual agenda política brasileira, e continuam fortes. Por isso, não podemos acreditar que qualquer avanço neste cenário no Brasil seja um processo fácil. Acredito que todos os que estão diretamente envolvidos no mercado aguardam com expectativa como será o processo de regulamentação. Uma mistura de temor e expectativa, já que vai depender do modelo, pois a solução pode estar longe de ser a ideal.
Por que você decidiu lançar o ApostaGanha no Brasil em 2018 e que resposta teve nesses três anos?
A participação brasileira no ApostaGanha português sempre foi uma constante desde a sua fundação, mas naturalmente que cada um procura um conteúdo com o qual se identifique melhor. Com o crescimento do mercado brasileiro, esta demanda tornou-se permente, de tal forma que tivemos de rapidamente criar conteúdo para as necessidades especificas do apostador brasileiro. Por isso, montei rapidamente uma equipa com vasta experiência no mercado brasileiro para desenvolver e abordar as apostas de forma mais particular. A resposta foi positiva, e hoje já somos uma das principais referências das apostas desportivas online na comunidade brasileira.
Que valor você atribui aos diferenciais de seus sites, como tutoriais, podcasts e dicas de informantes?
Cada público tem prioridades diferentes para cada tipo de conteúdo. Sem dúvida que a procura por prognósticos e palpites de apostas é a maior prioridade dos apostadores atualmente. No fundo os apostadores querem apostar, lucrar e ter bons tipsters capazes de serem lucrativos de forma consistente e no longo prazo, é uma atração muito forte para o público em geral. No ApostaGanha o ambiente diferente, onde o jogo é justo e honesto com conteúdos realístias. As ações audiovisuais são hoje em dia cada vez mais importantes, mas não começamos no formato actual. Somos o podcast de apostas mais antigo no youtube e procuramos também trazem conteúdo relevante, como entrevistas de profissionais da indústria e especialistas de apostas desportivas.
Que tipo de vínculo é estabelecido entre informantes e apostadores? Como continuar a educar os jogadores para que saibam como e em que apostar?
Talvez hoje este vínculo seja um dos fatores de fidelização mais importantes no mercado de apostas esportivas online. A confiança é a base de tudo para que um apostador siga uma dica oferecida por qualquer site. Isto depende da credibilidade do profissional e também da plataforma. O fato de sermos a comunidade mais antiga de apostadores em língua portuguesa também ajuda muito nesta confiança da qual fica mais fácil de ser adquirida. Da nossa parte, o esforço de tornar os apostadores melhores jogadores é uma constante, na oferta de formação (o curso de apostas), sempre gratuita, além dos especialistas que trazem sempre uma abordagem profissional e real de como é viver das apostas online. Num mercado recheado de vendedores de sonhos que nunca cumprem as promessas, nós, em contraponto, procuramos oferecer e proporcionar (sempre de forma grátis) a todos o acesso a tendências e métodos mais modernos dentro das apostas online.
O que significa ser um afiliado em tempo integral? Como a estrutura de afiliados, tradicional na Europa, pode ser transmitida e triunfar também na América Latina?
Existem diferentes tipos de afiliados no ramo das apostas online. Nossa estratégia é baseada na produção de conteúdo de qualidade que possa oferecer uma mais valia ao apostador e assim fidelizar uma comunidade que continue a consumir os nossos conteúdos. Ser afiliado em tempo integral é muito mais do que “afiliar”, e sim pensar nas necessidades da comunidade e oferecer diariamente ainda mais qualidade. O mercado de afiliação está em constante evolução, mas sinto que na América Latina são necessárias ações mais diretas na conversão. Uma interatividade mais direta com o apostador de forma a reforçar os laços de comunidade para que este se sinta mais confortável dentro das nossas plataformas. Isto novamente tem muito a ver com a maturação do público consumidor. Na América Latina e Brasil precisamos fazer mais do que oferecer, precisamos também trazer a realidade do universo e superar muitos preconceitos e imagens pré-concebidas.
Suas plataformas incluem apostas em Esports. Como você vê o crescimento desse fenômeno? Você acha que os jovens com menos de 25 anos têm interesse e entusiasmo pelo jogo? Como atraí-los? Que oportunidades os Esports apresentam no futuro?
Os Esports já são uma realidade incontestável e já está entre as principais modalidades que se praticam hoje, isso já é um facto consolidado. Nas apostas ainda não foi dada a devida importância perante o volume de interesse nas apostas, mas vai acontecer no muito curto prazo. Muitos jovens já têm mais interesse por Esports do que por futebol, e isso tem ser observado por aqueles que atuam no ramo. Mas é importante destacar que se trata de um fenómeno muito recente e que carece de análise sobre o impacto de mais longo prazo e na população mais adulta. Sem dúvida, todos os que trabalham com Esports precisam estar atentos aos próximos anos de forma a perceber como o universo das apostas irá acabar por influenciar a massificação dos Esports.
Quais expectativas gerais você tem para a indústria de apostas e para seus sites, em particular, daqui a três anos?
Temos como foco de atuação em três mercados. Cada um deles oferece uma projeção diferente para esse período. No Brasil e em Portugal, ocupamos posições de liderança com sites de conteúdo sobre apostas onde o objetivo claro é sempre o crescimento e consolidação das nossas posições. No mercado da América Latina em Lingua Espanhola, temos resultados cada vez mais promissores, mas ainda não atingimos o patamar que queremos, onde já se encontram os sites de países de língua portuguesa, logo o foco também é esse. Em relação à indústria de apostas, os mercados em que atuamos também oferecem perspectivas diferentes. Em Portugal, o objetivo mais desejável é a ampliação do mercado das casas de apostas legais. Principalmente, é necessária uma revisão da lei do jogo que ajuste o modelo adotado para um mais liberal e que não puna tanto todos os players. Enquanto a taxação continuar a ser imposta ao volume e não ao lucro, como em qualquer atividade empresarial, dificialmente puderemos obter mais qualidade e combater com as mesmas armas o mercado ilegal. No Brasil, a expectativa continua a ser o crescimento exponencial do mercado com mais pessoas a chegar ao universo das apostas desportivas. Por mais biliões que o mercado já movimente, existe espaço para muito mais, e a indústria parece estar atenta a isto.