Por Anamaria Bacci, jornalista e tradutora da G&M News.
Como a Fabamaq nasceu?
A Fabamaq nasce em 2010, fruto de uma necessidade real que foi detetada no mercado. Nessa altura, vários agentes da indústria de gaming procuravam empresas capazes de desenvolver jogos de casino do conceito até à entrega, mas não havia respostas concretas do lado empresarial. A Fabamaq surge como resposta a este gap no mercado, e afirma-se então como uma startup tecnólogica baseada em Porto, Portugal, mas com os olhos postos no mercado global desde o primeiro dia. Somos uma empresa orientada para ao mundo, e toda nossa produção está alocada à exportação.
Como é o processo de produção de um jogo de casino? Explique como é que o jogo é feito do 0 ao 100% de uma forma resumida, mencionando as várias áreas envolvidas e as tecnologias utilizadas.
A construção do jogo pode ser estruturada em três grandes etapas: conceptualização, desenvolvimento e certificação. Na fase de conceptualização, há uma necessidade ou um pedido que nos chega, com uma temática associada e que posteriormente se transforma numa lista de requisitos. A partir da lista de requisitos, há um trabalho coordenado da equipa de produto da Fabamaq com várias outras equipas nucleares (motor de jogo, matemática, entre outras) para se fazer um levantamento concreto dos desenvolvimentos que serão necessários. Com a estabilização dos requisitos, inicia-se a etapa de desenvolvimento. Nesta fase, o trabalho segue uma lógica sequencial e envolve diferentes áreas da empresa. A equipa de game art desenvolve grafismos, animações e materiais promocionais; a equipa de som desenvolve as músicas e os diferentes sons do jogo; a equipa de arquitetura faz os necessários ajustes no motor de jogo da Fabamaq para que possamos acondicionar o produto. Com todos os módulos do jogo preparados, o produto passa para uma equipa multidisciplinar de developers, designers, gestores de projeto, gestores de produto e software testers. Essa equipa é responsável por transformar as ‘peças do jogo’ num puzzle completo e funcional, efetuando os primeiros testes para verificação do cumprimento dos requisitos. A terceira e última etapa do processo é nossa certificação interna. Aqui temos que intensificar o processo de teste e nossa equipe verifica, assim, se o jogo está pronto para sair ao mercado. Além do cumprimento dos requisitos legais de cada mercado, nesta etapa são testados todos os aspetos dos jogos (animações, funcionalidades ou features do produto, a atribuição de prémios, os sons, a ligação com a máquina, entre outros aspetos). Passada esta última etapa, o jogo avança para certificação numa entidade externa e daí seguirá para instalação nos casinos.
Na hora de projetar o software que vão desenvolver, como diferenciam os conteúdos que irão para cassinos presenciais daqueles que serão destinados a jogo online? Quais são suas características distintivas para atrair públicos variados?
Há necessariamente diferenças que se têm de estabelecer no desenvolvimento de produtos para os ambientes landbased e online. Temos um motor de jogo próprio definido para os produtos landbased e outro para os produtos online. Além disso, há que considerar os formatos. Nos casinos físicos, trabalhamos os produtos para gabinetes com formatos estáveis, enquanto no online, há uma constante necessidade de adaptação dos produtos às diferentes resoluções e até às exigências que resultam da atualização dos sistemas operativos. É uma experiência desafiadora desenvolver produtos para os dois ambientes, porém a diferenciação da Fabamaq está na leitura do mercado e na interpretação dos dados de performance. A partir daí, conseguimos perceber quais os aspetos definidores do sucesso do produto e trabalhar os aspetos de melhoria necessários.
Por que criaram a FMQ Digital? Tiveram no último ano um incremento na demanda de conteúdos para iGaming devido à pandemia?
A FMQ Digital foi uma consequência natural da evolução do negócio. Esta é uma marca unidade de negócio da Fabamaq para os produtos online, área que tem registado um desenvolvimento muito significativo nos últimos anos. Esta tendência acentuou-se ainda mais com a pandemia, aumentando o volume da atividade da indústria no universo online.
Qual é a orientação global da Fabamaq, pois os jogos e as soluções que desenvolvem aqui para os casinos físicos são exportados para diferentes mercados da Ásia, América do Norte e da Europa?
Assumimos uma orientação de mercado completamente B2B, com uma intenção de trabalhar com mercados externos. O nosso papel é criar jogos e soluções de software para entregarmos aos clientes, que posteriomente comercializam os mesmos juntos dos casinos. Ao longo destes 11 anos, temos expandido as categorias de produtos desenvolvidas e entrado em novos mercados estrangeiros, sendo que o objetivo é dar continuidade a esse caminho de expansão.
Alguma qualidade especial dos jogos e sua distribuição? Como são conhecidos seus produtos no mercado?
Começamos por nos focar no desenvolvimento de vídeo bingos apenas, mas pelo caminho começamos a produzir jogos de slots e no online desenvolvemos, além destes dois produtos, títulos de vídeo poker e diferentes tipologias de table games. A qualidade dos nossos produtos acaba por ser o nosso maior garante. Porém, ao longo destes anos, fomos também introduzindo funcionalidades ou aspetos pioneiros nos vídeo bingos que acabaram por transformar a experiência do jogador. O equilíbrio entre soluções credíveis de alta qualidade e uma certa audácia na abordagem às diferentes categorias de produtos acaba por ser nossa marca distintiva.
Qual é a orientação para o futuro da empresa em matéria de produtos e mercados?
No contexto de pandemia, intensificámos o processo de desenvolvimento e contratámos mais pessoas para nos ajudarem. Estamos a criar novos produtos para os cassinos físicos nas categorias de slots (com novidades reservadas para os produtos de multi-jogo) e vídeo bingos (com mudanças que acreditamos que podem melhorar a dinâmica e experiência do jogador). Já no segmento online, estamos a aumentar o portfólio de jogos desenvolvidos na Fabamaq e a trabalhar na produção de novos jogos também nas categorias de vídeo bingos e table games.
Estima você que, no futuro, continuará avançando o setor online e móvel, e será reduzido o jogo em espaços físicos? Como a Fabamaq trabalhará para responder a esta tendência?
Acredito numa coexistência dos dois segmentos. Desde que vivemos neste contexto de pandemia, temos assistido a uma aprendizagem da indústria, que aposta agora mais em estratégias omnicanal e de personalização. Ou seja, os casinos procuram cada vez mais manter uma relação com os seus clientes que cubra os segmentos físico, online e de real-money e gaming social. Tudo isto gerido através de uma conta única e de plataformas ou tecnologias que permitam ao jogador continuar a sessão de jogo do casino físico posteriormente online e transitar entre as modalidades de jogo paga e social. Creio que o futuro será, por isso, a coexistência dos casinos físicos e online, procurando dar ao jogador a melhor experiência possível. Como sempre, estaremos-nos atentos ao mercado para prever a sua evolução e desenhar soluções competitivas, credíveis e de boa qualidade para os nossos clientes. Sabemos que vivemos um período de mudanças na indústria, mas temos total confiança na nossa equipa, nos nossos parceiros e nos nossos clientes para dar uma resposta à altura do contexto de exigência que vivemos.
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